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Zegna assume operação no país para se fortalecer como varejista

Valor Econômico - 09/04/2008

Ele chega completamente composto e bem humorado, apesar de acabar de desembarcar de um vôo de Milão. "Dormi no avião. Tomei uma pílula ótima", diz Ermenegildo Zegna, CEO da grife italiana que leva seu nome. Quer dizer, não exatamente o dele. "É a terceira geração", dispara, quando se pergunta a ele quantas vezes já veio ao país. Já está tão acostumado a explicar ser homônimo de seu avô e fundador da empresa, que nem espera a questão terminar. A confusão é recorrente. É por isso que prefere ser chamado de Gildo, ainda mais que vai se tornar uma figura mais presente no país. Ele veio a São Paulo assumir a administração da empresa no Brasil, assim como tem feito em outros países emergentes. Fez ontem uma palestra no Fashion Marketing e inaugura hoje a terceira loja da grife na cidade, desta vez nos Jardins. "São Paulo agora é nosso centro de operações para a América Latina. Decidimos começar pelo país que demonstra o mais forte crescimento e o maior potencial para os próximos anos", diz. Há dois anos os italianos decidiram que a estratégia mundial para a empresa seria se tornar cada vez mais varejista. No Brasil, a família Brett tinha a franquia da grife. No novo modelo, Daniel Brett fica como sócio minoritário com 30% do negócio, e assume a direção de marketing. Juan Aguillar, executivo que vem da Espanha onde a Zegna tem um fábrica e mais de mil funcionários, será o diretor administrativo. "Na Ásia somos quase 100% varejistas (têm 50 lojas na China). No México começamos a operar nossas próprias lojas. Fizemos o mesmo na Argentina e no Chile". Além da loja no shopping Leblon, no Rio, a da Daslu, a do Iguatemi e dos Jardins, a Zegna abre em maio uma loja no shopping Cidade Jardim. "Investimos alguns milhões de dólares nestas lojas que são iguais a qualquer outra da grife no mundo. Ter quatro lojas numa cidade como esta é um grande desafio. Esperamos que estejamos certos nesta escolha. O retorno deve vir em três anos". Pelos dados recolhidos por Daniel Brett desde 2004, quando assumiu a gestão das lojas no Brasil, a decisão está respaldada. "A Zegna tem crescido 30% ao ano em faturamento, com 15 mil clientes cadastrados. O tíquete médio nas lojas é de R$ 4 mil (US$ 2,3 mil)", diz ele. A expectativa de Gildo é manter a taxa de crescimento entre 30% a 50% nos próximos anos.