07/04/11 14h52

Yuny resiste ao mercado e cresce sem recorrer à bolsa

Valor Econômico

Assumir um estilo 'low-profile' na indústria da construção civil é perfeitamente possível, mas não exatamente fácil. É inevitável. A construção de um prédio chama a atenção - sobretudo se estiver em um endereço nobre. Com o seu moderno logotipo exposto em quadriláteros cobiçados de São Paulo, como Faria Lima e Vila Olímpia, a Yuny está chamando a atenção da concorrência. Não que a empresa queira. Ao contrário. Comandada por dois jovens irmãos, a empresa aproveita o fato de não ter capital aberto quase como uma vantagem competitiva: não tem compromisso em apresentar projeções mirabolantes ao mercado, pode ficar sem lançar se achar necessário ou não conseguir e, o mais importante, faz questão de não abrir números estratégicos. Diz, no máximo, que lançou R$ 1 bilhão (US$ 568,2 milhões) no ano passado.

Mesmo sem seus números expostos, a Yuny conseguiu atrair nomes de peso e está capitalizada. O fundo americano Golden Tree aportou R$ 700 milhões (US$ 437,5 milhões) em três tranches, a primeira em 2007. Ainda faltam R$ 200 milhões (US$ 125 milhões) para serem investidos até 2015 - as empresas montam joint ventures, nas quais o fundo é sempre majoritário, que alocam capital diretamente nas SPE's (Sociedade de Propósito Específico, empresa constituída para cada empreendimento). A Yuny fica responsável por 100% da gestão imobiliária. A parceria com o Golden Tree já rendeu 19 negócios até agora. "Sempre colocamos capital nos negócios, mas nosso objetivo é ter participação própria cada vez maior", afirma Marcos Yunes, sócio e principal executivo da companhia.

Em março do ano passado, conseguiu um investidor para entrar como sócio na companhia, o grupo VR, que atua na área de serviços e financeira e é dona do tíquete refeição. A sociedade marcou a entrada do grupo no ramo imobiliário. As empresas não informam o tamanho do negócio, mas, segundo o Valor apurou, compraram perto de 50% da companhia por cerca de R$ 200 milhões (US$ 125 milhões). Com a entrada do VR, a empresa passou a ter novo diretor financeiro, Estácio de Sá.

Por conta da parceria com o Golden Tree, a Yuny assumiu a gestão da incorporação do Seridó, um edifício de altíssimo padrão em São Paulo, que teve uma trajetória complicada no lançamento, está em fase avançada de construção, e ainda tem unidades à venda. Lançado no auge da crise pela Klabin Segall, vendida meses depois por conta do alto endividamento, o empreendimento foi comprado pelo Golden Tree, que adquiriu 75% do empreendimento (50% da Klabin Segall e 25% da Construtora São José, que manteve 25%). "Sempre éramos nós que gerávamos os negócios e dessa vez, veio deles", diz Marcos. "Foi um voto de confiança importante", completa.

Além de edifícios comerciais de alto padrão e apartamentos compactos de luxo no Itaim e Vila Olímpia, a Yuny também está na zona leste, em bairros como Carrão, Tatuapé e Mooca. Como outras do setor, criou uma marca de baixa renda, a Atua Construtora.