Yara amplia capacidade de produção no Brasil
Valor EconômicoA multinacional norueguesa Yara International inaugurou ontem uma nova unidade de mistura de adubos em Sumaré, na região de Campinas (SP). Com aportes de R$ 115 milhões, esse é o maior investimento da companhia em uma unidade de mistura no país. A nova planta é considerada a maior e uma das mais modernas do país.
A fábrica em Sumaré é a 33ª unidade de mistura de fertilizantes da Yara no Brasil, onde a empresa começou a atuar na década de 1970. A companhia também mantém três unidades de produção de adubos fosfatados - duas em Rio Grande (RS) e uma em Ponta Grossa (PR).
Com área total de 80 mil metros quadrados, a planta no interior paulista está localizada em um terreno ao lado do Terminal Intermodal de Cargas da Rumo, o que possibilita a integração entre os modais rodoviário e ferroviário. Os caminhões que chegam ao terminal da Rumo para descarregar açúcar, por exemplo, serão os mesmos que transportarão os fertilizantes produzidos pela Yara para as regiões produtoras.
A capacidade de produção total da nova planta é de 1,1 milhão de toneladas por ano, mas a tendência é que a unidade produza cerca de 750 mil toneladas. Com a nova planta, a Yara passa a ter capacidade para produzir 10 milhões de toneladas de adubos no país. Lair Hanzen, presidente da Yara Brasil, disse que a fábrica em Sumaré em parte vai substituir a produção da planta de Cubatão, que está diminuindo, mas apresentará crescimento na distribuição de produtos diferenciados. "Não vai gerar crescimento imediato grande [de distribuição] para a empresa, mas vai [possibilitar] otimizar e explorar nichos de mercado", disse.
Neste ano, a Yara deverá comercializar em torno de 8 milhões de toneladas de adubos no Brasil, volume 5,26% maior ao de 2013. Desde que adquiriu os ativos de adubos da Bunge no Brasil, em um negócio de US$ 750 milhões concluído no ano passado, a Yara passou a liderar o mercado brasileiro de fertilizantes, com cerca de 25% de participação.
Em abril deste ano, a companhia também reinaugurou, com investimentos de R$ 55 milhões, a unidade misturadora de Porto Alegre (RS). Já no mês de agosto, a Yara adquiriu 60% da brasileira Galvani, para aumentar sua produção de fertilizantes fosfatados.
O crescimento da companhia norueguesa no país começou em 2000, quando comprou a Adubos Trevo. Em 2006, reforçou a estratégia, com a aquisição da Fertibras.
No ano passado, o faturamento da Yara no Brasil foi de R$ 5,6 bilhões, contemplando pouco a incorporação da Bunge. Neste ano, a receita deverá subir significativamente, mas a companhia não menciona estimativa. Globalmente, a Yara faturou US$ 14,5 bilhões em 2013, com vendas para cerca de 150 países. A Yara possui hoje mais de cem unidades de mistura e 25 de produção no mundo, distribuição de 23,7 milhões de toneladas de nutrientes agrícolas.
O Brasil é o país que apresenta, desde 2011, o maior faturamento no mapa da Yara International, disse Torgeir Kvidal, presidente interino e CEO da companhia. Ele assumiu o cargo no mês passado, substituindo Jørgen Ole Haslestad, mas está no grupo há 23 anos.
E a América Latina ultrapassou a Europa, consagrando-se como o maior mercado para a companhia. "Vamos continuar a crescer na América Latina", disse Kvidal, seja pelo crescimento orgânico ou por aquisições e novas parcerias. No mês passado, a multinacional anunciou a aquisição do grupo OFD, da Colômbia, que atua na produção e distribuição de adubos em países da América Latina.
Apesar de estar sempre "olhando oportunidades, a companhia não tem planos de investir em unidade de produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil diante do alto custo local do gás natural, matéria-prima para esses produtos. Entretanto, o CEO da Yara não descartou a possibilidade de, no longo prazo, fazer otimizações em unidades ou adquirir planta para essa produção, a depender das condições de mercado.
A Yara também investe em produtos diferenciados, como a tecnologia conhecida como NPK no grão, que permite a melhor aplicação de macro e micronutrientes frente às necessidades de cada cultura, aumentando produtividade. No Brasil, as vendas desses produtos cresceram dez vezes nos últimos cinco anos, para 1 milhão de toneladas, e poderá ter essa mesma expansão nos próximos cinco anos, estima Hanzen.
A maior fábrica desse produto da empresa, localizada na Noruega, recebeu US$ 350 milhões de aportes para aumentar em 15% a produção, que chegará a 2,3 milhões de toneladas por ano, conforme Kvidal.