18/03/11 11h47

Xeriph, cria da Gato Sabido para livros digitais, recebe aporte e sócios

Valor Econômico

Quando o empresário do mercado financeiro Carlos Eduardo Ernanny decidiu apostar nos livros digitais e lançou a livraria virtual Gato Sabido, não imaginava que sua iniciativa no segmento lhe renderia uma segunda empresa. Após enfrentar dificuldades para criar seu catálogo de livros virtuais e padronizar os arquivos para formatos protegidos contra cópias piratas, Ernanny decidiu usar a experiência para abrir um novo negócio, voltado para auxiliar outras livrarias e editoras. Assim surgiu, em abril de 2010, a Xeriph, primeira distribuidora de livros digitais do país.

A empresa foi fundada com um investimento inicial de R$ 2 milhões (US$ 1,18 milhão), feito por Ernanny e seu sócio na Gato Sabido, Ricardo Schermann. Nesta semana, recebeu um novo aporte de capital, de R$ 3 milhões (US$ 1,76 milhão), realizado por um grupo de executivos de uma empresa nacional, cujo nome é mantido em sigilo. Nos nove primeiros meses, a Xeriph funcionou de forma pré-operacional. Para este ano, afirma Ernanny, a expectativa é obter um faturamento de R$ 10 milhões (US$ 5,9 milhões), mais que compensando os investimentos realizados. "A Gato Sabido ainda é a empresa que gera mais receita, mas aposto muito no desempenho da Xeriph", afirma Ernanny, que prevê um aumento mais significativo da receita no segundo semestre. Ele mantém em sigilo os dados de faturamento e lucro da livraria virtual.

O negócio da Xeriph é bastante similar ao da americana OverDrive, empresa de distribuição digital de livros eletrônicos, audiolivros e outros conteúdos digitais. À semelhança da americana, a Xeriph oferece para as editoras tecnologia para a conversão de arquivos de livros do formato PDF para ePub (que permite a leitura em aparelhos como o Kindle, da Amazon) e a guarda desses arquivos em seu centro de dados. Até agora, a empresa já fechou contrato com cem editoras para oferta de 3,5 mil livros digitais no seu site.

Para as livrarias e outras redes de varejo, a empresa fornece um software que faz a encriptação (método que impede que os arquivos possam ser copiados) e permite a compra e download imediato de livros digitais. A empresa também oferece aplicativos de leitura para iPhone e iPad, da Apple, e aparelhos com sistema Android, do Google. "A meta com a nova empresa é ser uma OverDrive da América Latina", afirma Ernanny. De acordo com o sócio e presidente-executivo da Xeriph, a empresa já tem estrutura para liderar o mercado brasileiro de distribuição de livros digitais.

A companhia já fechou contrato com livrarias e varejistas, como Ponto Frio, Extra, Livrarias Curitiba, livraria virtual Leonardo da Vinci e Editora Abril. O próximo passo da empresa é negociar com universidades e prefeituras a organização de bibliotecas digitais. "É nosso objetivo cuidar do patrimônio das editoras, que são os livros", afirma Ernanny. O nome Xeriph, de origem árabe, era usado para designar homens que protegiam os lugares sagrados.