17/03/11 14h49

WTorre e BTG criam companhia com US$ 3,1 bi em ativos

Valor Econômico

Depois de tentar se capitalizar via mercado e de enfrentar uma situação financeira bastante delicada em 2010, o empresário Walter Torre conseguiu o que está sendo considerada pelo mercado a melhor solução possível para o seu negócio. Uma verdadeira reviravolta, no melhor dos clichês. A aproximação entre Walter Torre e André Esteves, do BTG Pactual, foi decisiva. O empresário precisava de capital e o banqueiro, de imóveis. Juntos, criaram a maior empresa de "properties" (imóveis de renda) do Brasil, com ativos de R$ 5,3 bilhões (US$ 3,1 bilhões).

Os dois lados saem ganhando com o negócio. O BTG Pactual sai como majoritário, com cerca de 65% da empresa - que terá novo nome, ainda não definido - e importantes ativos, muito deles ícones de São Paulo e do Rio. Walter Torre, por sua vez, além de sócio do novo negócio - terá cerca de 30%, ao lado de Santander, Votorantim e executivos da WTorre, que entram como minoritários com os outros 5% -, sai como dono de outra companhia, cisão da principal, com R$ 1,3 bilhão (US$ 764,7 milhões) de ativos, entre terrenos e 50% do futuro shopping Iguatemi. E o mais importante: totalmente livre de dívidas e com um caixa inicial de R$ 380 milhões (US$ 223,5 milhões).

O namoro entre BTG Pactual e WTorre Properties começou há mais de seis meses. O primeiro negócio efetivado foi a aquisição dos dois principais prédios da WTorre em construção em São Paulo, no Complexo JK, e a sociedade no terreno onde será construído o maior prédio comercial de São Paulo, com 96 mil metros quadrados. As conversas rapidamente evoluíram para o que seria uma nova empresa de logística, com ativos na casa de R$ 400 milhões (US$ 235,3 milhões), entre terrenos e investimento. O desenho mudou e o modelo final é muito maior do que se cogitou a princípio.

Nessa nova empresa, estão reunidos a carteira de imóveis comerciais que o BTG adquiriu no último ano e os melhores ativos da WTorre Properties. Trata-se apenas de empreendimentos prontos, em operação, ou em vias de conclusão. Imóveis que podem, no futuro, ser vendidos para a reciclagem do portfólio. Nesse cenário, os fundos imobiliários registrados do BTG Pactual surgem como alternativas para dar saída a esses imóveis. A empresa também poderá receber aportes de novos sócios, entre eles investidores estrangeiros que podem usar uma estrutura de fundo montada lá fora para investir.

O BTG entrou com 50% do Ventura, no Rio; 40% do antigo empreendimento da Brookfield na Faria Lima (último prédio disponível para locação na região, cujo potencial construtivo está esgotado); as duas torres do Complexo JK; o terreno na Marginal Pinheiros onde será erguido o maior prédio comercial de São Paulo; e um projeto no Porto Maravilha, em desenvolvimento na zoa portuária do Rio. A WTorre Properties participa com o prédio que irá abrigar a nova sede da Petrobras no Rio; 50% de um edifício comercial na Marginal Pinheiros próximo ao Largo da Batata; além de imóveis construídos sob medida e alugados para empresas como Unilever e Vivo.

Na empresa que fica com Walter Torre estão cerca de 30% dos ativos da WTorre, que somam R$ 1,3 bilhão (US$ 764,7 milhões). São terrenos para desenvolvimento logístico em São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas (SP) com potencial construtivo de 800 mil metros quadrados e a participação de 50% no Shopping Iguatemi. Há uma cláusula de não concorrência entre as duas empresas e a nova WTorre Properties tem direito de preferência na aquisição dos imóveis.