14/02/11 15h20

Wobben planeja crescer, de olho na expansão da eólica

DCI

Em 1995, a cidade de Sorocaba (100 km de São Paulo) viu surgir uma fábrica de componentes que ultrapassavam 40 metros de comprimento. Eram as primeiras pás destinadas às usinas de geração de energia eólica produzidas no Brasil, uma novidade no País, já que naquela época não havia uma empresa do setor por aqui. Em quinze anos esse cenário mudou, e, segundo as contas da Associação Brasileira da Energia Eólica (Abeeólica), a estimativa é de que o setor alcançou faturamento de mais de R$ 640 milhões (US$ 363,6 milhões) no ano passado e poderá chegar à casa dos R$ 3 bilhões (US$ 1,8 bilhão) em 2014 somente com os projetos aprovados até o momento. A pioneira desse mercado foi a Wobben Enercon, subsidiária da companhia alemã Enercon que se instalou no interior paulista e hoje olha para o futuro com otimismo, e avalia que, se houver demanda, poderá dobrar sua capacidade de produção no Brasil.

Esse cenário positivo para a energia eólica, conta o diretor comercial da empresa, Eduardo Lopes, começou apenas em 2008, com o primeiro leilão exclusivo para a geração de energia dos ventos. Até então, lembra o executivo, o mercado viveu das ações esporádicas, como as ocorridas ainda no final dos anos 90 promovidas pelos governos estaduais do Paraná e do Ceará e do início tímido do Proinfa (programa do governo federal para incentivar a geração de energia por meio de fontes alternativas). As primeiras iniciativas foram as dos estados citados. À época foram contratados parques eólicos cuja capacidade instalada mal ultrapassava 30 MW. Hoje, conta com um portfólio de projetos já contratados que chegará a 1 GW até 2012.

"Os primeiros parques eólicos no Brasil foram o de Prainha e o de Taíba, no Ceará, com um total de 15 MW instalados, e o de Palmas, no Paraná, com 2,5 MW", disse ele. "Esse número não era suficiente para a sobrevivência da empresa, que a partir de 2002 teve, com o Proinfa, a política para alavancar os negócios, e essas usinas serviram como vitrine para nossa empresa", completou ele. Até então, a Wobben passou os seus primeiros anos produzindo apenas pás que eram exportadas principalmente para a Europa. Hoje, a empresa comemora os números que apresenta. De cerca de 1,4 GW instalados no Brasil, 40% dos aerogeradores foram fabricados em suas instalações. Entre os clientes da companhia estão grandes agentes do setor elétrico, como EDP, CPFL, Copel, Eletrosul, Petrobras e Tractebel. A expansão dos negócios ao patamar atual foi possível em decorrência dos leilões de eólica promovidos pelo governo. Em apenas três certames, realizados a partir de 2008, estão concentrados cerca de 60% dos negócios da Wobben no Brasil.