07/06/10 11h06

Western Union vai abrir banco próprio no Brasil

O Estado de S. Paulo

Líder mundial em transferência de valores, a americana Western Union elegeu, há dois anos, o Brasil como mercado prioritário em sua estratégia de crescimento global. Desde 1997 no País, com uma atuação discreta na maior parte do tempo, a empresa deverá mudar de postura. Vai investir R$ 54 milhões (US$ 30 milhões) na abertura de um banco e de uma corretora de câmbio, cujo funcionamento ainda depende de aprovação do Banco Central. "Com a corretora e com o banco poderemos operar com toda a gama de serviços que oferecemos em outros países", diz Odilon Almeida, vice-presidente sênior da Western Union para a América do Sul. "Nossa matriz, em Denver, está entusiasmada com o potencial da economia brasileira", afirma Almeida.

Embora abrigue o QG da Western Union na região, as dimensões da operação brasileira ainda são desproporcionais à importância do mercado local. Apesar de liderar as chamadas microtransferências de recursos (remessas até um limite de US$ 3, 6 mil), que movimentam US$ 2,9 bilhões por ano no Brasil, a representação conta com apenas 20 dos 1,2 mil funcionários da companhia na América do Sul. Em movimentação financeira e receitas, por exemplo, a filial perde para a da Argentina, na contramão do que acontece na maior parte dos negócios.

Até agora, a Western Union tem atuado mediante parcerias no mercado brasileiro. A principal delas foi firmada com o Banco do Brasil, que funciona como agente credenciado para as transferências de recursos. Além do BB, há um grupo de dez corretoras, bem como acordos com algumas redes varejistas como a Gazin, ExtraFarma e Armazém Nordeste. "Ao todo, são 6 mil pontos de atendimento aos nossos clientes", diz Almeida. Com a esperada obtenção da licença para a abertura do banco e da corretora, a Western Union poderá ampliar o leque de serviços, passando a atuar em transferências domésticas de dinheiro, pagamento de contas e no B2B, com transferências internacionais para pequenas e médias empresas. "Todos esses serviços têm um potencial de US$ 7 bilhões por ano em receitas", diz Almeida. "Vamos atrás de uma fatia significativa desse bolo." Tendo como concorrentes os bancos comerciais e a informalidade (leia-se doleiros), Almeida aposta na experiência e nas dimensões da Western Union global para o sucesso da estratégia de crescimento no Brasil.