22/12/08 10h50

Wastech investe em tecnologia para reciclagem de plástico

Gazeta Mercantil - 22/12/2008

Apesar de oferecer vantagens na substituição de alguns materiais, o plástico é visto em muitos casos como um dos vilões do meio ambiente. Essa fama, entretanto, pode estar com os dias contados. Se as novas tecnologias de reciclagem do produto começarem a vingar, o plástico pode seguir o mesmo caminho das latinhas de alumínio, que praticamente "não chegam ao chão" quando são jogadas fora. Uma das técnicas mais novas, e que pode dar um valor adicional para a reciclagem do plástico, está sendo trazida ao Brasil pela Novaenergia, empresa criada pelo grupo Wastech. Especializado em tratamento de resíduos perigosos, com mais de 20 anos de mercado, o grupo fechou um acordo com a alemã Clyvia Technology para transformar plástico em óleo diesel. A idéia básica é pegar o derivado de petróleo e por meio de processos de despolimerização fracionada fazer o caminho inverso da fabricação do plástico, fazendo o material voltar à condição anterior. Isso porque o aquecimento do plástico picado, submetido a pressão, leva a um processo químico dentro da cadeia de carbono que permite se obter, dentro de um reator a vácuo, hidrocarbonetos com baixo teor de enxofre, informou o sócio da Wastech, Luciano Costa Coimbra. Cada tonelada de plástico é suficiente para produzir mil litros de diesel. "E não é biodiesel, chamamos de ‘liesel', porque é um diesel proveniente de matéria-prima mineral, mas que vai ajudar a ‘limpar' o meio ambiente", acrescentou Coimbra. O diesel feito a partir do plástico pode, segundo ele, ser usado em qualquer veículo movido à diesel normal, sem qualquer adaptação. O acordo prevê a exclusividade da brasileira para o uso da tecnologia por cinco anos e o projeto inclui a implantação de até 50 unidades recicladoras em todo o Brasil, orçadas em R$ 16 milhões (US$ 7 milhões) cada uma. Os investimentos serão feitos com recursos próprios ou, em alguns casos, em parceria com alguns investidores nacionais interessados dos setores de plásticos, de coleta e aterramento de lixo urbano e de tratamento de resíduos industriais. Estima-se o retorno do investimento em 30 meses. Há negociações para a venda de ações da Novaenergia para alguns fundos financeiros internacionais especializados em investimentos ambientais e em geração de energia ou combustíveis a partir de fontes alternativas, segundo Coimbra. As quatro primeiras unidades devem ser instaladas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. "Se der certo, o lixo passará a ser uma commoditty, principalmente se levarmos em consideração que o plástico representa cerca de 15% de tudo que é jogado fora", acrescentou o sócio da Wastech, empresa que mantém contratos em carteira de transporte especializado e destinação final de resíduos da ordem de R$ 25 milhões (US$ 10.9 milhões).