24/10/24 14h37

Volume de exportações da RMC bate recorde do ano em setembro

Empresas da região de Campinas somaram R$ 2,62 bilhões em vendas para o exterior, uma alta de 14,74% em relação ao mesmo mês de 2023

Correio Popular

As empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) fecharam setembro com US$ 460,59 milhões (R$ 2,62 bilhões) em exportações, o melhor resultado do ano, revelou a Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O maior valor anterior havia sido registrado em maio, US$ 419,44 milhões (R$ 2,38 bilhões). O volume de vendas ao exterior teve uma alta de 14,74% em comparação aos US$ 401,43 milhões (R$ 2,28 bilhões) de setembro de 2023, sendo o segundo maior resultado para o mês em 12 anos. Ele ficou atrás apenas aos US$ 485,13 milhões (R$ 2,76 bilhões) de igual período de 2022, de acordo com os dados do Comex.

Já as importações da RMC no mês passado somaram US$ 1,47 bilhão (R$ 8,36 bilhões), também o segundo maior valor desde 2013. Ele é superado apenas pelos US$ 1,74 bilhão (R$ 9,9 bilhões) de 2022. Com isso, o déficit da balança comercial da Região Metropolitana em setembro foi de US$ 1,01 bilhão (R$ 5,74 bilhões).

Para a economista Gabriela Faria, o resultado mostrou a continuidade da retomada da atividade industrial. “Mesmo considerando a redução das cotações de bens intermediários e de consumo, os volumes comprados do exterior devem continuar positivos, beneficiados pelo aquecimento da demanda interna. O maior consumo tem impulsionado a produção industrial, sobretudo de bens de consumo duráveis e de capital, influenciados pela continuidade do aumento da massa de renda e da melhora das condições financeiras das famílias”, afirmou.

Segundo ela, as exportações também têm contribuído para o aumento da produção industrial, impulsionado pela cotação do dólar. O desempenho levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a aumentar a previsão para este ano de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos. O Informe Conjuntural da entidade divulgado na segundafeira (21) elevou a taxa de 2,4% para 3,4%, considerando o resultado da economia no primeiro semestre de 2024.

De acordo com o superintendente de Economia da confederação, Mário Sérgio Teles, o principal motivo da revisão foi o aumento do consumo e dos investimentos, que se mostraram mais fortes e surpreenderam positivamente. “A CNI aumentou a previsão do PIB de 2024, principalmente, por causa do desempenho da economia no primeiro semestre, que foi muito positivo, acima das nossas expectativas. Além disso, os fatores que têm contribuído para o crescimento não devem desaparecer até o fim do ano, e o segundo semestre vai ter como base de comparação o período mais fraco da atividade em 2023.” 

Reflexos

A Região Administrativa (RA) de Campinas captou R$ 13,13 bilhões em novos investimentos no primeiro semestre deste ano, a segunda a receber o maior volume no Estado, de acordo com pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O montante é inferior apenas aos R$ 41,29 bilhões anunciados para a Região Metropolitana de São Paulo. Segundo o levantamento, dois investimentos, somando R$ 9,65 bilhões, envolvem a modernização de fábricas para a produção de veículos eletrificados em Piracicaba e Itirapina.

O segundo maior pastifício do país e oitavo do mundo, com sede em Sumaré, anunciou na segunda-feira o aumento da capacidade de produção de biscoito nessa unidade. Com o investimento, a fábrica passou a ter uma área de 25 mil metros quadrados (m²) e ganhou uma nova linha de fabricação de biscoitos laminados (cream crackers, maisena, entre outros) e outra de bolachas. Com a ampliação, a capacidade produtiva da planta saltou de 7 mil para mais de 10 mil toneladas por mês.

A empresa exporta para aproximadamente 40 países, principalmente da América Latina e África. “Temos conquistado mercados desafiadores como Venezuela, Cuba e Angola”, destacou o diretor Comercial do pastifício, Marcelo Guimarães. A empresa bateu recorde de exportações no passado, ao atingir a marca de cerca de 10 mil toneladas. Além de Sumaré, ela tem outra fábrica em Rolândia, no Paraná, e produz massas secas, macarrão instantâneo, farinha, bolos, misturas para bolos, biscoitos, azeite e queijo ralado.

O ano

No acumulado de janeiro a setembro deste ano, a RMC exportou US$ 3,61 bilhões (R$ 20,54 bilhões), o quarto melhor resultado para o período desde 2013. De acordo com a Comex Stat, o maior volume de vendas ao exterior ocorreu em 2012, quando nos primeiros nove meses do ano o total chegou a US$ 4,424 bilhões (R$ 24,13 bilhões). A segunda posição foi registrada em 2023, com US$ 4,14 bilhões (R$ 23,56 bilhões) e, na sequência, 2013 (US$ 3,65 bilhões – R$ 20,77 bilhões) teve o terceiro melhor período.

Dos cinco produtos mais exportados pela Região Metropolitana, quatro são de média-alta complexidade, ou seja, com alto valor agregado. A lista é puxada por medicamentos, tratores, automóveis e partes e acessórios de veículos. O único item nesse ranking apontado como de média-baixa complexidade são os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, na quarta posição.

Já as importações em 2024 totalizaram US$ 11,92 bilhões (R$ 67,84 bilhões), o segundo maior valor em 12 anos. Elas foram inferior apenas aos US$ 13,81 bilhões (R$ 78,6 bilhões) de 2022. De acordo com a economista Daniela Faria, esses números indicam a manutenção do ritmo de crescimento das importações e está “relacionado com o aumento da renda e da produção nacional”. Umas das boas notícias, destacou. tem sido o aumento da compra de bens de capital, o que significa “contratação de investimento futuro”.

Entre os itens mais comprados no exterior estão, em ordem decrescente, agroquímicos, circuitos eletrônicos, aparelhos telefônicos, compostos de nitrogênio e sangue humano e animal para uso terapêutico e vacinas. O saldo da balança comercial da RMC apresentou o déficit de US$ 8,3 bilhões (R$ 47,3 bilhões) de janeiro a setembro deste ano.

A Região Metropolitana de Campinas acompanhou o crescimento da economia paulista. As projeções da Fundação Seade para o PIB paulista em 2024 melhoraram, com a previsão de aumento mínimo de 2,7% e máximo de 3,3%. De acordo com o estudo, a maior expansão ficou por conta dos setores industrial e serviços, ambos com alta de 2,1%. Já a agropecuária paulista apresentou queda de 3,1%.

Os dados da Seade mostram ainda que o desempenho da economia está refletindo também na alta do emprego. Em agosto, o Estado de São Paulo registrou a criação de 61 mil empregos com carteira assinada. O estudo feito com base no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, apontou que o resultado ocorreu em função da 693 mil admissões e 632 mil desligamentos ocorridos no mês.

Já a Região Metropolitana de Campinas registrou nos oito primeiros meses deste ano a criação de 32.912 empregos, de acordo com o Novo Caged. Os dados mostram recuperação da indústria na geração de emprego, com o saldo de 7.057 vagas criadas no acumulado de janeiro a agosto, alta de 170,07% em comparação aos 2.613 postos gerados ao longo de todo o ano de 2023. Os dados revelaram resultado positivos dos setores de serviços (17.006 empregos criados), construção civil (6.499) e comércio (2.484). O único segmento da RMC com queda na oferta de empregos foi a agropecuária, com fechamento de 134 postos.

 

Fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/volume-de-exportac-es-da-rmc-bate-recorde-do-ano-em-setembro-1.1580102