11/01/12 14h27

Volks investe R$ 160 mi em hidrelétrica

Diário do Grande ABC

Volkswagen vai investir, até 2014, R$ 160 milhões na construção de uma pequena central hidrelétrica no Rio Sapucaí, um afluente do Rio Grande, entre as cidades de Ipuã e Ituverava, no Estado de São Paulo.

A PCH, batizada de Monjolinho, terá capacidade instalada de 25,5 MW/h e três turbinas, o suficiente para suprir 22% do consumo de energia das unidades da montadora no Brasil. Na prática, a geração é suficiente para abastecer uma cidade com 50 mil habitantes. As obras da usina devem começar neste ano e a expectativa é que sejam gerados 700 empregos diretos e 5.000 indiretos.

MAIS UM
Esse é o segundo projeto de PCH da montadora. O primeiro, inaugurado em março de 2010 e chamado de Anhanguera, está localizado no Rio Sapucaí, entre as cidades de São Joaquim da Barra e Guará, a 25 quilômetros de onde será construída Monjolinho. Com capacidade instalada de 22,68 MW/h, e três turbinas, ela supre 18% do consumo de energia da montadora. Como toda essa energia vai para a sede da Volks no Brasil, em São Bernardo, isso corresponde a 60% do consumo da fábrica na Via Anchieta.

Para se ter ideia de quanto isso representa, a quantidade é suficiente para abastecer uma cidade com cerca de 56 mil habitantes. A produção das duas PCHs, portanto, é suficiente para abastecer toda a população de Ribeirão Pires, o que significa 106 mil pessoas.
Toda a energia gerada pelas pequenas hidrelétricas é destinada ao consumo da Volkswagen. O destino do que é gerado em Monjolinho ainda não foi definido. Sabe-se somente que será levado a outra planta.

A economia gerada por conta desse fornecimento próprio é de 7% no valor da conta de luz da montadora no Brasil (do fim de 2010 até o fim de 2011), conta Michael Lehmann, gerente executivo de contabilidade da Volkswagen, sem revelar, no entanto, quanto isso representa em valores reais.

"Se olharmos somente pelo lado financeiro, vamos ver que o retorno não é tão grande assim. O mais importante é que estamos garantindo o fornecimento de energia com fontes renováveis", afirma. "Funciona como um hedge financeiro. Temos um custo definido e conhecido, não importa o que aconteça com o mercado."

INVESTIMENTO
O investimento realizado para a construção de Monjolinho, de R$ 160 milhões, conforme explica Lehmann, tem metade dos recursos proveniente de caixa próprio da empresa e, a outra parte, de empréstimo realizado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
 
A PCH tem sociedade com a Pleuston Serviços, responsável por executar o projeto. "Eles fornecem a tecnologia a ser utilizada para a construção do projeto e cuidam de sua manutenção", conta Lehmann.
 
Para construir a PCH Anhanguera foram investidos R$ 140 milhões, sendo 10% do valor aportado pela Seband, que também presta serviços de engenharia e os demais 90%, financiados entre BNDES e Volks.
 
RETORNO
Com a Anhanguera em funcionamento, a utilização de energia renovável por parte da empresa saltou de 86% para 91%. Os demais 9% são provenientes de energia termelétrica e nuclear, que vêm misturados no fornecimento por parte das concessionárias.

Segundo Lehmann, a Volks é a única montadora no Brasil que investe em energia renovável. Questionado sobre o retorno que isso pode ter nas vendas, ele não nega. "O cliente está cada vez mais considerando o aspecto sustentável do que consome. Portanto, acredito que isso poderá nos trazer vantagem competitiva."
 
Área de central revitalizou terreno devastado pela cana
O local onde foi construída a PCH Anhanguera, de acordo com o gerente executivo de contabilidade da Volkswagen, estava devastado pelo plantio de cana-de-açúcar.

Para minimizar impactos ambientais e sociais, foi construído viveiro com 720 m², capaz de produzir até 300 mil mudas de árvores nativas por ano, utilizadas para plantio nas áreas de preservação permanente. "Hoje tem até exemplares de lobo-guará, que há muito tempo não se via na região. Sem contar as inúmeras espécies de pássaros. As plantas, devido ao cuidado que recebem, se desenvolvem mais rapidamente, crescendo duas vezes e meia o tamanho normal."

Como a PCH gera energia renovável, ou seja, não poluente, ela acumula os chamados créditos de carbono, que podem ser comercializados para empresas poluentes. Os dois projetos terão, ao todo, 40 mil toneladas. Somente a Anhanguera já acumula 18 mil. Questionado sobre a venda dos créditos, e o uso dos recursos, Lehmann diz que ainda não há nada em vista.