20/06/11 10h44

Vitopel aposta em "papel plástico" como alternativa para gráficas

Valor Econômico

Fabricante de filmes flexíveis, a Vitopel apostou no desenvolvimento de um produto que pudesse ser obtido a partir do "lixo" plástico e acabou por lançar comercialmente, há um ano, o Vitopaper. Produzido a partir de resíduos - seja de descarte doméstico, seja industrial -, o papel plástico vem conquistando espaço e, em quatro anos, deverá responder por até 10% das vendas da empresa, que no ano passado faturou US$ 300 milhões.

"Não pretendemos concorrer com a indústria de papel", conta o presidente da Vitopel, José Ricardo Roriz Coelho. "Queremos oferecer um produto complementar." Por enquanto, indústrias interessadas em imprimir relatórios, manuais e outras peças institucionais com o papel plástico procuram diretamente a fabricante, que as direciona para gráficas já conhecidas. Esse modelo, conforme Roriz, pode mudar no futuro, mas a Vitopel continuará focando o desenvolvimento de clientes. "Vamos fornecer uma alternativa às gráficas. Nosso negócio é produzir filmes flexíveis e papel plástico", diz.

Uma das principais vantagens do papel plástico, que é mais caro que o produto tradicional, obtido a partir da celulose, segundo Roriz, é o peso reduzido - até 40% na comparação com o cuchê. Além disso, em razão das características técnicas do plástico, é mais durável e exige o emprego de menor volume de tinta no momento da impressão. "Também por uma questão de estratégia, de vender o papel plástico como produto premium, os preços acabam sendo superiores", acrescenta.

A escala ainda reduzida também contribui para o custo mais alto do papel. Hoje, a linha instalada na fábrica da empresa em Votorantim (SP) tem capacidade de produção de 10 mil toneladas por ano. Porém, em um ano, foram produzidas 1,5 mil toneladas. No futuro, o produto poderá ser oferecido fora do país, uma vez que a empresa detém patente mundial.

O Vitopaper começou a ser desenvolvido há quatro anos pela Vitopel, em parceria com a Fapesp e a Universidade Federal de São Carlos. As pesquisas tiveram como ponto de partida a proposta de se obter um produto nobre, que não fosse associado de forma negativo à sua origem: o lixo. No primeiro ensaio, foram utilizados resíduos da própria Vitopel. Mais adiante, o sistema se mostrou flexível e diferentes tipos de resinas - polipropileno e polietileno, por exemplo - foram misturados. Hoje, para cada uma tonelada de papel plástico, são usados 850 quilos de resíduos coletados por cooperativas e 150 quilos de resíduos industriais.