21/11/11 19h37

Vinte empresas do setor aéreo mostraram interesse na cidade

Portal Cruzeiro do Sul

Embraer pode ter concorrência nos planos de investimentos em Sorocaba

Vinte empresas aéreas procuraram espaços no aeroporto de Sorocaba nos últimos três anos. Esta é a informação do secretário de Desenvolvimento Econômico de Sorocaba, Mario Tanigawa, ao comentar as expectativas da possível vinda de um centro de manutenção de aeronaves da Embraer para Sorocaba. A menos de quinze dias da abertura de propostas de licitação para a ocupação de área de 40.500 metros quadrados junto ao aeroporto, esta informação é indicador de que além da Embraer outras empresas poderão aproveitar a licitação para disputar a oportunidade de fazer novos investimentos em Sorocaba. Entre as empresas que têm relações de negócios diretos com o aeroporto, essa expectativa é crescente na medida em que se aproxima a data de abertura de propostas da licitação, programada para o próximo dia 30 pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp).

Segundo Tanigawa, a Azul e a Avianca estão entre as 20 empresas que pesquisaram e fizeram sondagens demonstrando interesses por Sorocaba. Os contatos das empresas passaram por ele. A Azul, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que faz estudos em várias cidades do Brasil mas isso não quer dizer que ela utilizará todas elas em seus voos. A empresa acrescentou que não tem informação sobre qualquer estudo que tenha sido feito em Sorocaba. Quanto à Avianca, a reportagem tentou contato por telefone, mas sem êxito.

O comandante e diretor da Jet Care, especializada em gestão de aeronaves e hangares, Walter Santos, disse ontem que empresas têm feito investimentos em ampliações de hangares e serviços no aeroporto não somente pela expectativa da possível vinda da Embraer, mas também pelos planos do Daesp de investir em melhorias no aeroporto - entre elas, a ampliação da pista de 1.500 para 1.800 metros de extensão e a instalação de um sistema de rádio que permitirá operações de voos por instrumentos mediante informações ao piloto de dados sobre pressão atmosférica, temperatura e vento.

De acordo com Walter Santos, grandes investimentos começaram a ser feitos no aeroporto em 2002 e continuam, tanto que há hangares ainda em obras e equipes de trabalho em formação. São 34 empresas operadoras de serviços no aeroporto, o que compõe importante mercado do setor. Somadas, nos cálculos de Walter Santos, todas elas movimentam de US$ 40 milhões a US$ 50 milhões por ano em serviços de limpeza, lavagem e hangaragem. Nesta estimativa estão excluídas outras atividades que também geram recursos para as empresas e o município.

Os investimentos nesse setor são caros. Somente em montagem de equipes, por exemplo, é necessário o recrutamento de profissionais altamente especializados nas suas funções. Walter Santos lembra que equipes incluem engenheiro, mecânico, operador de trator que empurra o avião, controlador técnico, atendente de pista, segurança, recepcionista. Profissionais como mecânico e recepcionista têm que dominar a língua inglesa.

Interesse 

A demonstração do interesse da Embraer na possível escolha de Sorocaba para receber novos investimentos é confirmada por Mario Tanigawa. A empresa não comenta o assunto. Em agosto passado, Tanigawa esteve com o prefeito Vitor Lippi (PSDB) em reunião convocada pelo secretário de Estado de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, na qual representantes da Embraer perguntaram se Sorocaba tinha condições de receber a empresa para manter na cidade uma estrutura de manutenção de suas aeronaves. Segundo Tanigawa, Sorocaba era uma das cidades que estavam sendo pesquisadas pela Embraer, o que incluía São José dos Campos.

A expectativa cresceu em relação a Sorocaba depois que, em setembro, quase um mês após a reunião, o Daesp abriu a licitação número 085 para a concessão de uso de área no aeroporto local. Uma fonte do setor aéreo em Sorocaba insiste que o tamanho da área está em sintonia com os planos da Embraer. O problema é o valor mensal mínimo estimado para a licitação, que é de R$ 412 mil pelo período de 24 meses, valor considerado caro para o setor comparado aos investimentos que poderão ser feitos pela Embraer.

Em tempos de empreendimento de grande porte em plena execução pela multinacional Toyota em Sorocaba, na análise de Tanigawa, a cidade "está preparada para receber qualquer tipo de investimento".

Vitor Lippi, também referindo-se à reunião de agosto com representantes da Embraer, descreve: "Eles fizeram uma prospecção de outras cidades e Sorocaba e entendem que Sorocaba tem condições ideais para o desenvolvimento das atividades de manutenção de jatos executivos. A Embraer foi a empresa que mais vendeu jatos executivos no ano passado no mundo. Isso significa que quem vende avião tem que dar manutenção."

Para o prefeito, a tradição do aeroporto de Sorocaba de ter uma estrutura de manutenção de aviões contribui para atrair o interesse da Embraer: "Nós já temos uma vocação natural para esse tipo de atividade." Segundo Lippi, a área no aeroporto é da Prefeitura e a concessão de uso cabe ao Estado, por meio do Daesp, conforme legislação federal.

Perfil da Embraer 

Uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo, a Embraer alcançou essa posição "graças à busca permanente e determinada da plena satisfação de seus clientes", segundo descrição em seu site http://www.embraer.com.br/. A empresa tem mais de 40 anos de existência e atua em todas as etapas de um processo complexo: projeto, desenvolvimento, fabricação, venda e suporte pós-venda de aeronaves para os segmentos de aviação comercial, aviação executiva e de defesa.

A Embraer já produziu mais de 5 mil aviões, que operam em 92 países, nos cinco continentes, e é líder no mercado de jatos comerciais com até 120 assentos. Também fabrica alguns dos melhores jatos executivos em operação e sua atuação contribui para um novo patamar no setor de defesa.