28/04/21 12h48

Vidro de TVs e computadores antigos é usado na produção de esmalte para revestimento cerâmico

FAPESP

Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) desenvolveram um novo esmalte para revestimentos cerâmicos feito com o vidro das telas das TVs de tubo e de monitores de computadores antigos. 

Além de representar uma nova opção de reciclagem para o lixo eletrônico, o produto é mais barato do que o convencional disponível no mercado. Além disso, sua produção consome menos tempo e energia. 

A pesquisa foi realizada em colaboração com a Superintendência de Gestão Ambiental da USP, do Recicl@tesc e do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação em Vidros (CeRTEV), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 

Os cientistas criaram uma nova receita para os esmaltes cerâmicos, que normalmente são compostos de pó de argila, pó de caulim e pó de frita, a matéria-prima mais cara na produção do esmalte, usada para dar liga no produto após a queima. 

Os autores da pesquisa substituíram 20% da frita pelo vidro do painel dos equipamentos, um dos três diferentes tipos de vidro que compõem os tubos de aparelhos de televisores e monitores. Assim, encontraram uma finalidade para esse resíduo, que antes poderia poluir o meio ambiente. 

Em entrevista ao Jornal da USP, Eduardo Bellini Ferreira, professor da EESC-USP e coordenador da pesquisa, explica que o esmalte cerâmico é o responsável por proteger as peças, sejam elas um azulejo, uma caneca ou um vaso sanitário. 

“O esmalte tem funções técnicas e estéticas. Ele impermeabiliza e dá durabilidade à peça. Se a cerâmica não for esmaltada, ela vai sugar qualquer líquido que entre em contato. Além de manchar o produto, é muito anti-higiênico”, afirmou Ferreira. 

Para chegar à inovação, os pesquisadores testaram diferentes quantidades de vidro reciclado no lugar da frita até encontrar o ponto ideal. Eles contaram com a ajuda de ferramentas computacionais que calculam as propriedades das composições baseadas em milhares de dados encontrados na literatura científica. 

Depois de produzir a substância para substituir a frita nos laboratórios da USP, o novo esmalte foi testado em parceria com o Centro Cerâmico do Brasil, localizado em Santa Gertrudes (SP). Lá, a solução foi aplicada em cerâmicas simulando um processo industrial. 

O professor da EESC-USP conta que não é simples reciclar os vidros encontrados em tubos de TVs antigas e monitores de computadores, já que na composição desses aparelhos há substâncias tóxicas. “Não é qualquer pessoa que pode abrir esse tipo de equipamento”, ressaltou. 

O novo esmalte pode ser vendido tanto para produtores de frita como para fabricantes de esmalte. 

*Com informações do Jornal da USP.

fonte: https://agencia.fapesp.br/vidro-de-tvs-e-computadores-antigos-e-usado-na-producao-de-esmalte-para-revestimento-ceramico/35730/