19/12/08 14h35

Vendas crescem, mas varejo adia encomendas

Valor Econômico - 19/12/2008

O movimento no comércio até a primeira quinzena de dezembro faz o varejo projetar um Natal com expansão de vendas de 5% a 15% em relação ao ano passado. Esse bom resultado, contudo, ainda não se traduz em encomendas para a indústria na mesma proporção. Enquanto o varejo fala com cautela sobre novos pedidos, a indústria reclama abertamente que eles não estão ocorrendo e que a produção, em janeiro, deve se manter em compasso de espera. Na Lojas Cem, a expectativa é de que as vendas neste Natal cresçam 5% em relação às do ano passado, segundo o supervisor-geral, Valdemir Colleone. "É um resultado até surpreendente. No começo do mês, projetávamos estabilidade", diz Colleone, explicando que as vendas haviam ficado estáveis em outubro e novembro, o que o levou a prever um comportamento semelhante em dezembro. Após os cinco primeiros dias "tímidos" de dezembro, com desempenho um pouco abaixo do previsto, as vendas da Lojas Colombo reagiram na segunda semana. Segundo o diretor de vendas Eduardo Colombo, a expectativa é confirmar a projeção de crescimento de 15% no faturamento do mês em comparação com o mesmo período de 2007. As vendas do varejo também estão sendo beneficiadas por promoções antecipadas, que podem afetar as tradicionais liquidações de início de ano. Os fornecedores avaliam que muitas varejistas estão iniciando agora as ofertas com medo de ficarem estocadas depois do Natal. "As varejistas fizeram pré-encomendas para janeiro, mas o problema é que não fazendo a confirmação dos pedidos", afirma Patricio Mendizábal, presidente da Mabe no Mercosul, fabricante mexicana de eletrodomésticos que detém as marcas GE e Dako e lançou neste ano, no Brasil, a sua própria marca, a Mabe. Devido às liquidações, janeiro costuma ser um mês importante em termos de vendas, tanto para as indústrias quanto para os lojistas, que incluem o evento em seu calendário de marketing. A não confirmação dos pedidos é preocupante. A queda nas vendas em relação a janeiro de 2008 pode ficar em torno de 10% se não houver uma mudança no atual cenário, avaliam empresários da indústria. Em setores que dependem de componentes e artigos importados, executivos afirmam que as pressões cambiais também podem estragar as liquidações.