28/01/10 10h19

Venda muda estratégia da Bunge no Brasil

O Estado de S. Paulo

O presidente mundial da Bunge, Alberto Weisser, disse que o Brasil será prioridade para os futuros investimentos do grupo. Segundo ele, a empresa continuará a investir cerca de US$ 400 milhões por ano no País, e cerca de 60% desse montante deve ir para o setor de açúcar e etanol. "A venda de nossas operações de mineração para a Vale não significa que iremos reduzir nossa participação no Brasil. Pelo contrário, o Brasil é a maior fronteira agrícola do mundo", disse.

Weisser explicou que o setor de mineração era o único que "não era parte natural do negócio". "Estamos presente globalmente no agribusiness, e é neste setor que pretendemos investir. Não somos uma empresa global de mineração", disse. Weisser ressaltou que o fato de o setor de mineração de fosfatos estar mudando, com a entrada de grandes conglomerados internacionais, pesou na decisão de venda. Ele explicou que esses conglomerados possuem um período de retorno de investimentos muito menor que o de agribusiness, o que torna menos interessante novos aportes no setor de mineração. "Como a Vale fez uma oferta bastante atraente, decidimos pela venda", disse.

A venda das minas de rocha fosfática e das empresas coligadas, além da participação direta e indireta na Fosfértil, por US$ 3,8 bilhões, vai alterar, segundo o executivo, a estratégia da empresa no Brasil. "Vamos nos focar em alimentos e no agribusiness", disse. Esses recursos serão aplicados, segundo o executivo, prioritariamente no Brasil.

Sobre o crescimento da área de açúcar e etanol no Brasil, o executivo disse que, depois da compra de cinco usinas do Grupo Moema, a expansão da Bunge no setor continuará primeiramente no aprimoramento das usinas adquiridas e, depois, dependendo dos preços, em novas aquisições e também construção de novas usinas. Até o momento, a Bunge já destinou R$ 4,7 bilhões (US$ 2,6 bilhões) em investimentos no setor de açúcar e etanol no Brasil. "O setor de açúcar no Brasil é importante porque o País forma a cotação internacional e, desta forma, reduz de forma significativa o impacto da variação cambial", disse.