28/01/11 11h01

Venda direta cresce 17,2% em 2010 e atinge US$ 15,3 bi

Valor Econômico

O segmento de vendas diretas completou no ano passado uma década de crescimento consecutivo na casa de dois dígitos no Brasil. Dados que serão apresentados nos próximos dias ao mercado mostrarão que, em 2010, esse setor vendeu R$ 26 bilhões (US$ 15,3 bilhões) em produtos, volume 17,2% maior que o registrado em 2009. O cálculo foi antecipado ao Valor pela Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD). Ao se descontar a inflação medida pelo IPCA, de 5,9% no período, o crescimento real do setor foi de 11,3%.

Trata-se de um crescimento em cima de uma base de comparação já elevada - em 2009, o segmento faturou 18,4% a mais que no ano anterior. De 2001 a 2010, a taxa média de expansão anual foi de 14,8%. "Não há sinal de que esse ritmo acelerado de vendas possa perder o fôlego", diz Paulo Quaglia, presidente da ABEVD. "Não foi fácil, não caiu do céu. Trabalhamos muito para que tivéssemos estrutura que suportasse esse crescimento", diz José Vicente Marino, vice-presidente de Negócios da Natura, maior empresa de vendas diretas de capital nacional, com crescimento de 21% na receita bruta de janeiro a setembro de 2010.

A fase atual de demanda acelerada, reflexo do aumento na renda do brasileiro e do maior número de lançamentos de produtos no setor - com diferentes marcas e preços - pode mexer com o ranking mundial do setor de vendas diretas. Quinta maior companhia do segmento no mundo, com US$ 2,4 bilhões em vendas líquidas em 2009, segundo a revista americana Direct Selling News, a Natura perdia em apenas US$ 100 milhões para os resultados globais do grupo Mary Kay, quatro colocado. A Avon, que também tem forte atuação no Brasil, é a líder mundial.

Em 2009, a Mary Kay, com sede nos EUA, encolheu 3,8%, e ainda não há dados do desempenho da Mary Kay em 2010 para verificar a posição no ranking. No entanto, com base nas projeções de analistas para a empresa brasileira, a Natura deverá ter faturado (valor líquido) US$ 3 bilhões no ano passado. Portanto, para que a Mary Kay não perca a quarta posição, ela deverá ter crescido pelo menos 20% em 2010. Os resultados da Natura serão publicados em fevereiro.

Esse desempenho local chamou a atenção dos grupos internacionais para o mercado brasileiro em 2010. O comando da sueca Oriflame planeja ampliar a atuação no Brasil e essa expansão poderia passar pela compra de ativos locais, segundo informações que circulam no mercado. A peruana Belcorp, dona da marca L'Bel Paris, esteve analisando o mercado brasileiro no ano passado e já teria um plano de negócios para iniciar as operações no país.

Apesar desse bom humor em relação ao mercado brasileiro, o país ainda está distante do Japão, o vice-colocado no ranking mundial do setor de venda direta. Enquanto o Japão deve faturar US$ 25 bilhões em 2010 nesse segmento, o Brasil faturou US$ 15,5 bilhões - os EUA lideram com mais de US$ 29 bilhões. Além disso, os especialistas ressaltam que o Brasil ainda tem uma gama pequena de empresas de grande porte no setor de vendas diretas. Apenas a Natura faturava no país, em 2009, mais de US$ 100 milhões na área. Os EUA tinham 44 companhias nessa situação e o Japão, 14.