29/01/10 11h10

Venda de chocolate para Páscoa está até 15% maior e preço deve subir

Valor Econômico

A indústria brasileira de chocolate comemora os bons resultados de 2009 e espera vendas ainda melhores neste ano. As encomendas do varejo para a Páscoa, no início de abril, estão entre 10% e 15% maiores do que no ano passado. Mas o principal insumo, o cacau, está mais caro e há previsões de alta entre 5% e 8% para o preço do chocolate no primeiro semestre.

No ano passado, segundo a Nielsen, o brasileiro comprou 141,141 milhões de quilos de chocolate. O número é 2,9% maior que o de 2008 e resultou em um faturamento de R$ 3,435 bilhões (US$ 1,9 bilhão) - com alta de 8,6%. A diferença entre a evolução da quantidade e o total faturado está no preço. "Por conta do açúcar e do cacau, que subiram muitíssimo em 2009, tivemos que reajustar o preço dos produtos", diz o diretor de guloseimas da Arcor, Gabriel Porciani. Na média, conforme as indústrias, o preço do chocolate para o consumidor subiu de 3% a 5% no ano passado.

Para esse ano, as empresas já preveem uma alta ainda maior. Espera-se, segundo ele, um reajuste de 5% a 8% já no primeiro semestre. Ninguém se arrisca a fazer previsões para a segunda metade do ano, dada a instabilidade das duas commodities: o açúcar e o cacau. De janeiro a dezembro de 2009, o açúcar teve alta em dólar de 105,12% na Bolsa de Nova York e o cacau subiu 24,58%. Mas o problema não é só o preço. A produção de cacau não consegue acompanhar a demanda da indústria. Na última safra, a produção mundial ficou em 3,4 milhões de toneladas, enquanto o consumo industrial foi de 3,508 milhões. Para a próxima safra há previsões que vão desde um déficit de 197 mil toneladas a superávit de 80 mil.

O ganho de renda das classes mais pobres da população, segundo Romeo Lacerda, presidente interino da Kraft no Brasil, foram um dos grandes pilares do crescimento do mercado nos últimos anos. Mas não o único. "O consumidor que já comprava chocolate com frequência está comprando mais e um produto de qualidade superior", acrescenta Porciani, da Arcor. A empresa argentina, segundo ele, cresceu 10% em faturamento e de 6% a 7% em volumes no ano anterior. A expectativa para 2010 é de um crescimento em linha ou superior ao alcançado em 2009.