08/06/11 11h18

Venda de aeronave executiva continua aquecida no Brasil

Valor Econômico

O mercado de venda de aeronaves executivas no Brasil está aquecido, com um volume de negócios da ordem de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões por ano. Apesar da existência de um estoque alto de jatos de segunda mão e da falta de infraestrutura nos aeroportos para abrigar um número cada vez mais crescente de jatos particulares, o câmbio favorável, preços mais baixos e a facilidade de crédito tem estimulado a compra de aeronaves executivas no país. "No nosso planejamento para 2011 esperávamos um resultado similar ao de 2010, mas no primeiro quadrimestre do ano as entregas já superaram em 10% as registradas em mesmo período do ano passado", disse Fernando Pinho, presidente da TAM Aviação Executiva, representante da Cessna Aircraft Company, considerada a líder na comercialização de jatos no Brasil.

Das 1225 aeronaves executivas em operação hoje no Brasil, 265 são da marca Cessna, a maior frota da empresa fora dos Estados Unidos. No Brasil, segundo dados da Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), a frota de jatos executivos registrou crescimento de 21% em 2010 em comparação com 2009, o maior da América Latina. Na sequência vieram Chile (15,3%) e Argentina, (12,4%).

Até 2019, de acordo com estimativas da entidade, a previsão é que seja entregue um total de 775 aeronaves em toda a América Latina, o segundo maior mercado depois dos Estados Unidos. "O Brasil, junto com os demais países do BRICS virou a bola da vez para a venda de jatos executivos. Não estamos esperando um crescimento expressivo de negócios em relação a 2010, mas o mercado ainda está aquecido", disse o vice-presidente da Abag, Ricardo Nogueira.

Para Cássio Polli, diretor da Aerie Aviação Executiva, o crescimento das vendas no Brasil reflete uma mudança de comportamento, pois o jato executivo deixou de ser objeto de glamour e passou a ser encarado como ferramenta multiplicadora de negócios e de tempo. Especializada na compra e venda de aeronaves, em parceria com a Fortune Jet, a Aerie espera um crescimento de 50% nas vendas este ano, algo em torno de 12 jatos com até 10 anos de uso e preços entre US$ 2 milhões e US$ 7 milhões. "Há três anos, um modelo Cessna Citation usado valia US$ 13,8 milhões. Hoje está sendo vendido por US$ 7 milhões", disse.

Na opinião do presidente da TAM Aviação Executiva, a flexibilidade de preços dos novos jatos já não é tão grande hoje como foi em 2009, ano em que a crise derrubou as vendas no setor, e também em 2010, quando a oferta de aeronaves no mercado ainda era considerada alta. "A flexibilidade em termos de negociação hoje é menor porque o estoque de aeronaves seminovas, embora ainda seja alto, diminuiu bastante e os fabricantes já fizeram os ajustes necessários nas linhas de produção para se adaptar ao novo cenário de negócios", explica.

Entre helicópteros e aviões, a TAM entregou um total de 70 aeronaves no Brasil em 2010, mas até o fim de maio já contabiliza a venda de 55 unidades, sendo 15 jatos, 10 turboélices, 20 monomotores e 10 helicópteros. Os preços das aeronaves mais vendidas, segundo Pinho, variam de US$ 5 milhões a US$ 9 milhões, com capacidade para transportar oito passageiros. Outro fator que tem estimulado as vendas da empresa no Brasil, de acordo com o executivo, é a facilidade de atendimento e apoio ao cliente, através dos seus centros de manutenção. "Nosso centro de manutenção em Jundiaí (no interior de São Paulo) é hoje o segundo maior centro de serviços autorizado Cessna, com capacidade para atender a 23 aeronaves por dia", afirmou Pinho. Atualmente, segundo ele, a Cessna detém uma participação de 50% no mercado brasileiro de jatos executivos.

Para atender ao aumento crescente da frota de jatos executivos da Cesnna, segundo ele, a TAM investirá no biênio 2011-2012 cerca de R$ 30 milhões (US$ 18,8 milhões) na construção de novos centros de manutenção para seus aviões em outras regiões do país. "O nosso cliente não está mais concentrado em São Paulo. A segunda maior frota de Citation está em Minas Gerais e a terceira no Nordeste". A empresa, segundo ele, quer estar mais perto desses clientes que considera como novos entrantes no mercado, pois estão adquirindo suas primeiras aeronaves e tem a necessidade de se deslocar de norte a sul pelo território brasileiro.

Atenta ao crescimento das vendas de jatos executivos no Brasil, a Gulfstream Aerospace Corporation aterrizou na semana passada no país com o firme propósito de ampliar suas vendas no mercado, onde tem hoje 33 aviões da marca em operação. "Nos últimos dois anos duplicamos as nossas vendas no Brasil, que hoje responde por 8% da nossa frota na América Latina", afirmou ao Valor o vice-presidente de vendas internacionais da companhia, uma subsidiária integral da General Dynamics, Roger Sperry.

Em 2010, segundo dados da Associação dos Fabricantes de Aviação Geral (Gama), a Gulfstream ficou em segundo lugar no ranking mundial da aviação executiva em faturamento, com 21% de participação na receita de US$ 18,2 bilhões do setor. A companhia foi a quarta em número de unidades entregues, respondendo por 13% das 763 aeronaves entregues. A Gulfstream fabrica oito modelos, com preços a partir de US$ 15,1 milhões e chegando a US$ 64,5 milhões.