12/03/08 11h42

Vem aí nova onda de fusões em autopeças e sistemistas

Gazeta Mercantil - 12/03/2008

A necessidade de elevar a produtividade para atender um novo modelo de trabalho da indústria automobilística deverá acarretar nova onda de consolidação na indústria de autopeças, o que fará reduzir a quantidade de fornecedores no mercado mundial. A estimativa dos analistas do setor é que de 800 maiores fornecedores mundiais que atuam neste mercado desde 2000, menos de 100 sobreviverão até 2010. Já o número de sistemistas (autopeças que fornecem conjuntos prontos para as montadoras) terá uma redução de 50%, passando de 5.600 empresas atuantes desde 2002 para 2.800 até 2.015. "Nos Estados Unidos, o processo de consolidação será mais visível com cerca de 40% dos fornecedores correndo o risco de falência até o final deste ano em razão da perda de mercado das montadoras tradicionais, como a General Motors, Ford e Chrysler. Na China e na Índia o programa está apenas começando e será brutal no mercado chinês, já que lá existem hoje mais de 2 mil empresas de autopeças que abastecem as montadoras. No Brasil a mudança será mais lenta e ocorrerá nas empresas de pequeno e médio porte (os fornecedores Tiers 2 e 3), que tem um faturamento anual de R$ 20 milhões (US$ 11,36 milhões) a R$ 30 milhões (US$ 17,05 milhões) e não tem capital para fazer novos investimentos", disse Letícia Costa, presidente no Brasil da consultoria Booz Allen Hamilton . "Além da contínua busca por redução de custos, as empresas de autopeças terão que fazer aquisições para conseguir conquistar novos clientes, já que as montadoras tradicionais como a General Motors, Ford e a Chrysler, vêm perdendo espaço nos Estados Unidos para outras montadoras. As empresas também terão que reestruturar seus portfólios para diminuir o alto grau de complexidade nas linhas de montagem", observa a presidente da Booz Allen. Exemplo claro são as recentes reestruturação das americanas Visteon, Delphi e Dana, que decidiram vender algumas divisões de produtos no mundo para se fortalecer em atividades na qual têm maior experiência e capacidade tecnológica. Segundo levantamento feito pela Booz Allen, para os próximos anos a estimativa é que 65% do crescimento na indústria automobilística sejam da Toyota, Nissan, Honda, Hyundai e Renault. Outra tendência que ganhará destaque no processo de mudanças do setor de autopeças é a crescente participação dos fundos de private equity. "Eles entrarão como consolidador dos negócios e na saída ganharão dinheiro", observa Letícia Costa. Segundo a consultora, no segmento europeu de fundição de alta pressão sete das doze empresas são controladas por fundos de private equity. Entre essas empresas estão as maiores do segmento. Segundo a presidente da Booz Allen, o processo de consolidação mundial na indústria de autopeças começou no início dos anos 70 e foi motivado pelo programa de globalização adotado pela indústria automobilística.