13/08/08 11h56

Variedade descoberta na Espanha interessa à Embrapa

Valor Econômico – 13/08/2008

Pode estar na Espanha a salvação da mamona brasileira, mais especificamente na cidade de Córdoba. Pesquisadores da Instituto de Agricultura Sostenible, ligado ao Ministério da Ciência e Inovação, descobriram que há uma variedade da planta com viscosidade bem menor do que a da maioria das variedades encontradas no Brasil, o que possibilitaria o uso do óleo na fabricação de biodiesel dentro das especificações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Liv Soares Severino, pesquisador da Embrapa-Algodão, conta que a instituição entrou em contato com os pesquisadores espanhóis e espera até o fim deste ano visitá-los para saber mais sobre as descobertas. Ainda não há nenhum entendimento formal entre as partes, mas Severino diz que a Embrapa e a Petrobras Biocombustível estão interessadas nas pesquisas. Severino não espera, contudo, efeitos práticos no curto prazo. "Esse tipo de iniciativa demora de oito a dez anos", afirma. Segundo ele, será preciso trazer as espécies para o Brasil e cruzá-las com variedades já conhecidas no país para se chegar a resultados satisfatórios. "A única coisa que essa mamona tem de melhor é a viscosidade menor. No resto, as variedades que encontramos aqui são superiores. Teríamos que fazer adaptações", explica. Uma resolução da ANP de março deste ano estabelece critérios fisícos e químicos para classificar o biodiesel. A mamona, por ser muito viscosa, não obedece a alguns desses critérios e pode ser prejudicial aos motores de veículos. Hoje em dia é bem mais interessante para o produtor vender a mamona ou seu óleo, também chamado de óleo de rícino, para indústria química do que para a do biodiesel, diz o pesquisador. Já Severino, da Embrapa, acredita que quando o setor estiver desenvolvido, será mais interessante vender para as usinas de biodiesel.