28/02/11 11h57

Varejo de eletrônicos não sente aperto no crédito e vende mais no 1º bimestre

Valor Econômico

Varejistas de diversas regiões do país registraram vendas fortes no primeiro bimestre. Empresários do setor de eletroeletrônicos, móveis e mesmo alimentos relatam vendas entre 10% e até 25% maiores que em igual período do ano passado. Para eles, outros setores do comércio foram indiretamente beneficiados pelas medidas de aperto ao crédito de longo prazo - elas afetaram as vendas de automóveis, mas liberaram parte do orçamento que seria comprometido com essas prestações para a aquisição de outros bens.

Com a confiança do consumidor em alta, e ainda sem sentir impactos negativos do aperto no crédito, as varejistas gaúchas Lojas Colombo e Manlec iniciaram 2011 com alta de 15% nas vendas do primeiro bimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Televisores de LCD e plasma, além de móveis, são os destaques apontados pelas duas redes, que também pretendem manter neste ano ritmo de expansão semelhante ao de 2010.

"O embalo do ano passado continua no início deste ano", diz o diretor de vendas e marketing da Colombo, Thiago Baisch. A rede, que tem 340 lojas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo prevê faturamento bruto de R$ 1,5 bilhão (US$ 882,4 milhões) neste ano, ante R$ 1,3 bilhão (US$ 738,6 milhões) em 2010, e pretende abrir de 10 a 15 novos pontos de venda até dezembro. No ano passado, foram inauguradas dez unidades.

As encomendas das varejistas seguem o ritmo de expansão das vendas e nenhuma delas enfrenta problemas de entregas. A única sinalização de aumento de preços, segundo o diretor da Colombo, foi emitida pelos fornecedores de linha branca, que reclamam dos aumentos dos custos do aço e querem reajustar suas tabelas a partir de março. "Mas ainda não sabemos qual será o percentual de aumento", diz o diretor da Colombo. De acordo com Baisch, a linha branca foi a única que apresentou retração de vendas no bimestre - na faixa de 15% a 20% em comparação com o mesmo período de 2010. Em compensação, os demais segmentos registram forte alta: informática, puxada pelos "tablets" e pelos computadores portáteis, televisores de LCD e plasma, que estão mais baratos às vésperas da renovação das linhas, em março e abril, e móveis.

O bom resultado relatado pelos executivos do varejo não se reflete, na mesma proporção, nos indicadores do setor. O indicador de vendas do varejo da Serasa mostrou queda de 2,6% em janeiro sobre dezembro na série com ajuste sazonal. Apesar da queda, janeiro registrou o maior índice da série depois do dezembro de 2010, superior inclusive ao resultado de novembro do ano passado. De acordo com estatísticas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na primeira quinzena de fevereiro as vendas cresceram sobre janeiro. As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) subiram 1%, enquanto nas consultas para compras com cheque a alta foi de 6,7%. Sobre fevereiro de 2010, as altas foram de 11% e 15%, respectivamente.