01/10/08 14h13

Varejistas ainda projetam um bom Natal

Gazeta Mercantil – 01/10/2008

Héctor Núñez, presidente no Brasil do Wal-Mart, maior rede de supermercados do mundo, com sede nos Estados Unidos, afirmou recentemente que apesar da crise internacional, a rede deve ter em 2008, o melhor Natal da história da companhia no País. "Sabemos que o consumidor brasileiro pode ter certa cautela, mas não esperamos queda no consumo." O Pão de Açúcar também afirmou por meio de sua assessoria que mantém suas meta de crescimento para o ano. A companhia tem metas de vendas acima de R$ 20 bilhões (US$ 10,4 bilhões), com um crescimento de vendas na comparação da mesma base de lojas do ano anterior acima de 6,5%. A expectativa das redes supermercadistas pode parecer desconectada com o cenário atual. Mas não se trata de excesso de otimismo. Em meio ao caos, "o consumo brasileiro continuará aquecido e o comércio pode manter boas perspectivas para este ano", afirma Fernanda Della Rosa, gerente do departamento de economia da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP). "Graças a fatores econômicos altamente favoráveis como aumento do emprego e da renda, praticamente não sentiremos o impacto da crise externa neste ano", afirma Fernanda. Núñez afirmou que tanto o Wal-Mart, quanto seu parceiro de crédito, o Unibanco, não cogitam repassar o aumento de juros para o consumidor. O executivo alerta, porém, que , em dado momento, esse repasse será inevitável. O mesmo vale para o repasse de preços da indústria. Por enquanto, o cenário é de aparente tranqüilidade. Ao que tudo indica, o setor supermercadista não vai desistir tão facilmente dos bons ventos que estavam previstos para 2008. Até agosto, o setor acumulava um aumento de 9,36% nas vendas. Esse desempenho fez com que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aumentasse sua expectativa de crescimento para o ano entre 4,5% e 5% para uma alta de 8%, o que vai configurar o melhor desempenho dos últimos dez anos. "Só se acontecer um desastre não atingiremos esta meta", afirma Sussumu Honda, presidente da Abras. Neste primeiro momento, ele acredita que um possível aumento do custo e seletividade na oferta de crédito possa impactar a venda de bens-duráveis e semi-duráveis. Redes de eletroeletrônicos já estão tomando providências para evitar perdas. Pesquisa realizada pela consultoria Shopping Brasil, especializada no monitoramento do varejo, mostra que as redes de eletroeletrônicos optaram por aumentar os prazos de pagamento como forma de driblar o aumento dos juros, fazendo com que a prestação continue cabendo no bolso do consumidor. O levantamento mostrou ainda o aumento da taxa média da taxa dos juros nos últimos meses praticado pelo varejo. Partiu de 4,32% em abril para 4,84% em setembro.