13/06/11 14h23

Vantagens no Brasil são arma da Mercedes contra China

Valor Econômico

Com cerca de 70% da frota circulante de ônibus e 50% da de caminhões no Brasil, a Mercedes-Benz não se sente ameaçada pelo avanço dos produtos chineses no país. "Temos muitas vantagens competitivas para concorrer", afirma o vice-presidente de vendas da empresa no Brasil, Joachim Maier, que aposta, entre outros fatores, na rede distribuição e no fato de produzir no Brasil, o que facilita a oferta de peças de reposição. Já nas exportações de ônibus, Maier afirma que a montadora tem perdido mercado para os chineses, sobretudo na Ásia e na África. "Eles têm o câmbio controlado, aí não temos chances de concorrer", considera. Para compensar, a empresa busca manter a posição em seus mercados tradicionais, como a América Latina.

No que depender do mercado brasileiro, a montadora não tem do que reclamar. Em maio, a Mercedes vendeu no país 1.785 chassis de ônibus, o maior volume mensal desde que a empresa chegou por aqui, há 54 anos. Diante do resultado, a expectativa é fechar o ano com outro recorde, de 36 mil unidades vendidas, 16% a mais do que em 2010. A alta de maio foi puxada pela demanda paulista. O estado comprou 700 chassis no mês, contra 400 no mesmo período do ano passado. "Com o aumento da tarifa, melhorou a rentabilidade das empresas, que estão renovando a frota", afirma Maier. Já no acumulado do ano, a empresa vendeu 7.038 chassis, um pouco abaixo dos 7.200 de janeiro a maio de 2010. Em 2011, a Mercedes sente que o segundo trimestre tem sido mais forte no negócio de ônibus do que o primeiro.

Os resultados positivos, mesmo diante de condições de financiamento piores do que no ano passado, são, para Maier, um indicativo da robustez do crescimento econômico brasileiro. "Na Alemanha, nosso segundo maior mercado, nunca vendemos tantos caminhões e ônibus", diz. Operando com o limite da capacidade em dois turnos - com produção de 295 caminhões e ônibus por dia na fábrica de São Bernardo do Campo - a empresa anuncia até o fim de junho se adiciona mais um turno ou se contrata novos empregados. Isso vai depender das expectativas para a economia. Maier adianta que espera um 2012 mais fraco.

Segundo o executivo, a empresa tem sentido a pressão de custos, tanto em insumos quanto nas últimas negociações salariais. O repasse aos preços é impedido pela concorrência, que, segundo Maier, tem obrigado a empresa a praticar descontos. "A rentabilidade este ano não é tão boa quanto no ano passado", diz. A montadora também encontra dificuldade para encontrar mão de obra especializada, como de pintores e soldadores. Enquanto trabalha para manter a fatia de mercado, a Mercedes está de olho em oportunidades futuras no país. Por um lado, trabalha em motores que podem utilizar diferentes tipos de combustíveis e aposta no diesel de cana-de-açúcar. Por outro, investe em uma nova geração de ônibus a gás. "Hoje no Brasil não temos demanda para isso, mas acreditamos que com o pré-sal isso pode mudar e temos que estar preparados", considera o vice-presidente de vendas.