08/06/09 14h14

Valor de mercado da Bovespa volta ao nível pré-quebra do Lehman

O Estado de S. Paulo - 08/06/2009

O valor somado das empresas que têm ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) já voltou ao nível em que se encontrava no fim de agosto, antes, portanto, do aprofundamento da crise global, em 15 de setembro, com a quebra do banco Lehman Brothers. Desde o pior momento desse período, em outubro, o valor de mercado da bolsa cresceu R$ 460 bilhões (US$ 219 bilhões). Levantamento da empresa de informações financeiras Economática mostra que, na sexta-feira, o valor de mercado da bolsa paulista atingiu R$ 1,7 trilhão (US$ 809 bilhões) - nível semelhante ao do fim de agosto. A retomada começou a ser desenhada com robustez em abril, quando o valor das empresas listadas na bolsa estava em R$ 1,3 trilhão (US$ 619 bilhões).

A grande dúvida neste momento é se a retomada do mercado acionário está exageradamente otimista ou se é consistente. Essa questão está associada ao fato de que o ritmo de melhora da economia real não está compatível à euforia dos últimos meses. Deve-se ponderar, entretanto, que os investidores antecipam movimentos, explicam os economistas. Neste segundo trimestre, os dados de produção industrial e desemprego vem demonstrando recuperação, mas de forma bastante lenta. Ainda assim, há alguns setores, como o elétrico e eletrônico e máquinas e equipamentos, que estão em situação bastante delicada, com nível de atividade em queda. Os economistas acreditam que a melhora da economia doméstica será mais consistente a partir do último trimestre do ano.

Nesta semana, dois eventos importantes devem ser acompanhados de perto pelos investidores. O primeiro deles é o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano - que vai revelar uma nova retração da economia. O resultado tende a influenciar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), sobre a taxa de juros do País, hoje em 10,25% ao ano. A sinalização dada pelo BC poderá intensificar ou diminuir o movimento dos investidores nas próximas semanas. Outro indicador do apetite dos investidores será o resultado das próximas ofertas de ações que serão feitas por empresas brasileiras, como MRV, Gafisa e VisaNet, entre outras. O sucesso dessas emissões poderá incentivar outras companhias a desengavetar projetos de oferta pública inicial (IPO, sigla em inglês), abortados com a deterioração do cenário internacional. A medida beneficiaria a recuperação da economia nacional, já que eleva o volume de crédito no País.