Vale vai ganhar novo projeto de apoio à agricultura familiar
O Vale
Maior fabricante de celulose do mundo e com unidade em Jacareí, Fibria ajuda agricultor a melhorar venda de produtos
A agricultura familiar do Vale do Paraíba vai ganhar uma aliada de peso. Maior fabricante de celulose do mundo, a Fibria vai apoiar pequenos agricultores da região com objetivo de melhorar a produção, otimizar o aproveitamento das áreas de plantio e ampliar a comercialização dos produtos.
O projeto chama-se Plano de Desenvolvimento Rural e Territorial e escolheu São Luís do Paraitinga como a primeira cidade a ser beneficiada em todo o Estado de São Paulo. Os critérios levaram em conta índices sociais, presença da empresa e possibilidade de desenvolvimento do meio rural.
Segundo Luciana Diniz, consultora de Sustentabilidade da Fibria, foram escolhidos os bairros de Mato Dentro e Catuçaba, na Bacia do Chapéu, zona rural de São Luís, para o início do trabalho.
Nas próximas semanas, os produtores rurais serão convidados a aderir ao projeto ---a adesão é voluntária e gratuita-- e, na área daqueles que concordarem, a Fibria fará um diagnóstico para identificar que tipo de colaboração será oferecida.
Parceria. “Contratamos uma consultoria para fazer esse diagnóstico. O objetivo é saber do agricultor como podemos ajudar para desenvolver a propriedade e a produção dele”, disse Luciana.
Segundo ela, o produtor é que definirá como será a ajuda. “Pode ser com sementes, no plantio, na propriedade, comercialização ou gestão do negócio. Ele vai definir.”
O modelo do plano é inspirado em parceria inédita entre a Fibria e o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) no extremo sul da Bahia, região das cidades de Prado, Teixeira de Freitas e Alcobaça.
Após conflitos e invasões a cinco fazendas da empresa naquela região nos últimos 10 anos, a Fibria resolveu testar modelo diferente de relacionamento com invasores. Foram precisos dois anos de negociação para se chegar à parceria.
A Fibria desapropriou uma área de 11 mil hectares e está ajudando os militantes do MST a desenvolver assentamentos sustentáveis para a produção de alimentos com base nos princípios agroflorestais e agroecológicos e na organização social.
Familiar. A parceria conta com apoio do governo da Bahia e da USP (Universidade de São Paulo), por meio da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
“Temos que fazer dar certo na Bahia para depois levar para outras regiões do Brasil. Vamos apoiar os assentados por, pelo menos, 10 anos”, afirmou Fausto Camargo, gerente de Sustentabilidade da Fibria.
No Vale do Paraíba, o executivo frisou que a meta é agregar valor aos produtos de pequenos agricultores, focando sempre o desenvolvimento da agricultura familiar.
“Podem vender para prefeituras, por exemplo, e ampliar a renda”, disse Camargo.
SAIBA MAIS
Agricultura
A empresa Fibria vai apoiar pequenos agricultores do Vale do Paraíba através do Plano de Desenvolvimento Rural e Territorial
Pioneirismo
Com foco na agricultura familiar, a primeira cidade no Estado de São Paulo a receber apoio da empresa será São Luís do Paraitinga
Projeto
Será feito um diagnóstico das áreas e da produção de pequenos agricultores que aderirem ao projeto. Eles receberão ajuda de técnicos da empresa e de consultores contratados
Fibria
Maior fabricante de celulose do mundo, a empresa tem uma unidade industrial em Jacareí
Floresta
No Vale, a Fibria conta com 82 mil hectares de área total, dos quais 40 mil para plantio de eucalipto, 37 mil de conservação ambiental (com espécies nativas) e 5.000 para uso diverso
Proposta é integrada a agrovilas em São Luís
Com quase a metade da população de 10.800 habitantes vivendo na zona rural, São Luís do Paraitinga incluirá a parceria da Fibria no projeto de criação de agrovilas, cujo objetivo é manter as famílias no campo com dignidade.
“Temos pouco espaço para crescer na área urbana. As agrovilas são a resposta para o nosso desenvolvimento sustentável”, disse a prefeita Ana Lúcia Bilard Sicherle (PSDB).
Ela comemorou o apoio da Fibria. “Os produtores rurais vão se beneficiar muito com a proposta da empresa.”
Segundo a prefeita, a empresa integrará seu plano aos projetos que já estão em desenvolvimento na cidade.
Parceria. “Eles conhecem a nossa realidade e o plano da Fibria não cairá como um alienígena em São Luís, mas se integrará ao que já estamos fazendo pelas famílias do campo”, disse Ana Lúcia.
Segundo a prefeita, ao comprar 60% da merenda escolar diretamente dos produtores rurais da cidade a prefeitura poderá ampliar a aquisição de alimentos. “Nossos agricultores também se integrarão ao novo Código Florestal.”