10/06/10 11h06

Uso racional da água abre espaço para novos negócios

Valor Econômico

Ainda que em proporções muito menores do que na Europa e nos Estados Unidos, a preocupação com o desperdício de água começa a crescer no Brasil a ponto de já existir uma indústria do uso racional da água. Empresas de diferentes segmentos estão, de alguma maneira, criando produtos e serviços que estimulem o uso consciente do bem mais valioso do planeta. É consenso que, no Brasil, a preocupação com o meio ambiente ainda é secundária. O que prevalece é a questão econômica. É esse caminho, portanto, que as novatas do segmento trilham. "O país tem vocação para o desperdício, o que importa, por enquanto, é o benefício econômico", afirma Paulo Costa, que criou em 1997 a empresa de consultoria H2C.

O negócio é de tal forma calculado em bases financeiras que nos prédios comerciais, por exemplo, a taxa de retorno é comparada ao CDI. A Jones Lang LaSalle já implantou projetos de uso racional em cerca de 70% dos prédios que administra. Segundo José Roberto Freitas, gerente regional da Jones Lang, o retorno do investimento acontece, em geral, entre seis e nove meses. "O que se verifica é que a economia é sempre maior do que se o mesmo investimento tivesse sido aplicado em renda fixa no mesmo período", afirma.

A Deca, empresa de metais sanitários do grupo Duratex, está investindo na linha de produtos economizadores de água, como torneiras automáticas, mecanismos de descarga e os chamados restritores de vazão, soluções que diminuem entre 30% e 50% o consumo de água em relação aos produtos convencionais. "Esse segmento é nosso foco, temos várias pesquisas voltadas para o desenvolvimento dessa linha de produtos", diz Raul Penteado, presidente da Deca. O executivo não abre números, mas diz que as vendas dessa linha estão crescendo acima da média.

Outro negócio que surgiu recentemente está relacionado à medição individualizada de água em condomínios residenciais. Em dezembro de 2008, a Sabesp criou o programa PróAcqua, que treina e certifica empresas para operar os hidrômetros individuais, por meio dos quais cada unidade habitacional paga somente aquilo que consome. A Itron, multinacional americana que fatura € 1,6 bilhão, criou uma empresa aqui no Brasil chamada Conta Justa. Homologada pela Sabesp e outras concessionárias, instala e faz a leitura de hidrômetros, aparelhos que fazem a medição individualizada de água em condomínios. Hoje, possui 20 mil hidrômetros e a expectativa é chegar a 40 mil até o fim do ano. De acordo com Henrique Gustavo da Costa, gerente para América Latina da Itron, a economia média é de 30%, quando se tem um aparelho desses, que mede o consumo de cada apartamento.