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Usinas vão disputar o mercado de distribuição de álcool nos postos

Valor Econômico - 05/09/2007

As usinas do centro-sul do país estão se articulando para se tornar distribuidoras de combustível. A estratégia é comercializar álcool nos postos de bandeira branca, disputando este mercado com as distribuidoras do país. Para se tornar uma distribuidora, a usina tem de criar uma nova empresa, com novo CNPJ. "Dez grupos do setor já nos procuraram interessados em atuar como distribuidoras", diz Roberto Ardenghy, diretor-superintendente de abastecimento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Na lista oficial da ANP já há registros de usinas que atuam como distribuidoras. Entre elas, estão listadas os grupos Cosan, como Cosan Distribuidora de Combustíveis Ltda, Louis Dreyfus Commodities, como Coinbra Comércio e Distribuição de Combustível e Derivados de Petróleo, e Dedini Agro, como Dedini Açúcar e Álcool Ltda. A meta agora é tornar as distribuidoras das usinas mais atuantes. Entre as estratégias do setor estuda-se a possibilidade das usinas formarem um pool para montar uma distribuidora única, afirma Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, trading que negocia álcool de 19 usinas do país. Essa decisão, contudo, ainda está em discussão. Ardenghy confirma os planos das usinas, mas diz que essa operação hoje não é possível, uma vez que a legislação teria de ser modificada. Segundo ele, os investimentos para ter uma distribuidora não são altos. "Precisa ter ativos no valor de R$ 1 milhão (US$ 511,8 mil) e ter tanque para armazenar 750 mil litros do combustível." Usinas e distribuidoras estão travando uma batalha desde maio, início da safra 2007/08, por conta dos preços do álcool ao consumidor. As usinas alegam que as cotações do combustível tiveram forte recuo, mas a queda dos preços não foi repassada na mesma velocidade para o varejo. Até uma comissão, coordenado pelo deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), foi criada para discutir essa diferença de preços na Câmara dos Deputados. Jardim defende a desconcentração da distribuição do álcool e a criação de um marco regulatório para o setor.