Usinas aproveitam co-geração e lucram com créditos de carbono
Valor Econômico - 16/11/2006
Segundo país em número de projetos para comercialização de créditos de carbono depois da Índia, o Brasil tem atraído investidores nacionais e estrangeiros para negócios em um ramo específico do agronegócio: a co-geração de energia a partir da biomassa. O segmento já representa a maior parte dos projetos brasileiros nesse mercado, e estima-se que seu potencial de redução de emissões alcance 2,486 milhões de toneladas de carbono no país por ano. A co-geração com biomassa é a base de nada menos que 51 dos 138 projetos já aprovados pelas autoridades brasileiras e apenas à espera do sinal verde da ONU para o início das negociações, conforme os dados mais recentes. Destes 51 projetos, 23 referem-se exclusivamente a usinas de açúcar e álcool que tradicionalmente fazem a co-geração a partir do bagaço da cana. Outros quatro estão em fase de revisão porque apresentaram alguma inconsistência técnica. Quando aprovadas pela autoridade brasileira, os projetos conhecidos por MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) são avaliados pelo Conselho Executivo da ONU, que dá a palavra final para que sejam desenvolvidos nos países em desenvolvimento. E aí está a boa notícia: 25 projetos brasileiros de co-geração com o bagaço da cana já foram habilitados pela instituição para comercializar créditos de carbono. Na prática, essas usinas já estão ganhando dinheiro. Os números indicam que os créditos de carbono, um mecanismo novo e ainda desconhecido para a maioria das empresas, é um filão por onde as usinas brasileiras pretendem aumentar sua receita. Grandes empresas aderiram aos créditos nos últimos meses - Santa Elisa, Vale do Rosário e Nova América, no interior de São Paulo avaliam fazer projetos.