19/04/11 14h36

Unisys volta à disputa por sistemas essenciais para grandes clientes

Valor Econômico

Depois de três anos recolhida, equacionando questões financeiras e de posicionamento de mercado, a Unisys, companhia americana de serviços de tecnologia da informação (TI), está de volta e disposta a lutar por participação de mercado. Em entrevista ao Valor, Paulo César Bonucci, presidente da companhia no Brasil, diz que pretende firmar a companhia no Brasil com ofertas de equipamentos e softwares que fazem os sistemas de grandes empresas e governos funcionar sem parar, os chamados sistemas de missão crítica.

Conhecida pela fabricação de computadores de grande porte - os mainframes - e pela prestação de serviços a bancos e governos, a Unisys se manteve fora dos holofotes desde 2008. Nesses três anos, a companhia passou por uma extensa reestruturação, para eliminar as perdas decorrentes, principalmente, de custos elevados, um extenso portfólio e falta de foco. Para colocar a casa em ordem, Edward Coleman precisou de pouco mais de 18 meses. No fim do ano fiscal 2009, a Unisys voltou à rentabilidade, com lucro de US$ 189 milhões e, em 2010, outro resultado positivo: US$ 236 milhões.

A queda nos negócios e as dúvidas geradas pela reestruturação alimentaram rumores sobre o futuro da companhia. Um deles era de que a operação na América Latina seria vendida para uma companhia local. O executivo garante que essa unidade nunca foi colocada à venda. No ano fiscal 2010, a região representou 12% dos negócios da Unisys em todo o mundo. O Brasil responde por 60% do total da região (cerca de US$ 290 milhões). A operação no país conta com 2 mil funcionários e presença em 15 cidades. Os principais clientes são os setores de governo, finanças e telecomunicações.

Mais "leve", a companhia decidiu atuar no nicho de sistemas de missão crítica. Para sustentar esse objetivo, Bonucci destaca os investimentos que poderão ser feitos em áreas de centros de dados, desenvolvimento de software, terceirização de TI e segurança. Os segmentos de interesse da Unisys são praticamente os mesmos que têm recebido atenção de concorrentes como IBM e Hewlett-Packard (HP).

O executivo explica que há uma diferença entre as formas de atuar dessas companhias e da Unisys. De acordo com ele, enquanto IBM e HP investem para ampliar suas ofertas de equipamentos e software, para se tornarem provedores únicos de tecnologia, a Unisys não quer se desviar das áreas em que julga ter pleno domínio: "Não queremos vender todas as partes de um projeto. Vamos atuar mais como integradores dos produtos que não estão contemplados na estratégia geral."

Bonucci diz acreditar que as principais oportunidades para a empresa no Brasil estão relacionadas à infraestrutura necessária para a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada. O executivo também destaca o projeto de identificação digital dos cidadãos, que vem sendo desenvolvido pelo governo federal, o Registro de Identificação Civil (RIC).