29/11/22 13h10

Unidade de inteligência artificial entra em operação

Centro de pesquisa da Unicamp terá a missão de processar milhões de dados para aplicação em diversos segmentos

Jornal Correio

O Centro de Pesquisa Aplicada (CPA) em Inteligência Artificial BIOS (Brazilian Institute of Data Science) iniciou na segunda-feira (28) as suas operações na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com a missão de captar, analisar e processar dados brutos e transformálos em tendências de mercado, comportamento e previsões médicas e hábitos de consumo. Cerca de 100 pesquisadores estão envolvidos no projeto, além de um comitê para consultas com 15 membros de diversas nacionalidades, especialistas em inteligência artificial ou em áreas adjacentes. 

Além da Unicamp, o sistema mobilizará nove unidades de ensino, sendo cinco delas instituições brasileiras: o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do ABC e a Universidade Federal do Amazonas. O Centro de Pesquisa estará aberto para atuar em cooperação com outras instituições, nacionais e internacionais, além de prever a abertura de 15 bolsas de pósdoutorado, 8 de doutorado, 15 de mestrado, 2 de iniciação científica e 2 para jornalismo científico. De acordo com o edital, a vigência do projeto é de cinco anos, com a possibilidade de ser renovado por mais cinco. 

O Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) financiará metade dos R$ 10 milhões a serem investidos no CPA. O restante virá de instituições privadas tais como o Hospital Albert Einstein, a Fundação para Inovações Tecnológicas (FITec), e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD). 

De acordo com o pró-reitor João Marcos Travassos Romano, os estudos gerados pelo CPA devem avançar em diversas frentes de estudos, desde impactos das mudanças climáticas até a agricultura de precisão. Na área da saúde, o CPA terá uma parceria com o Caism e com o Hospital Albert Einstein, que contará com o armazenamento e seleção de dados hospitalares e histórico de pacientes, batizado de ReBIOS, para auxiliar em pesquisas médicas voltadas à saúde da mulher e outras especialidades. "Hoje, com a enxurrada de dados de que dispomos e a capacidade de cálculo, a gente pode reorientar a tomada de decisão com a ajuda das ferramentas de aprendizado de máquina", avalia o pró-reitor. 

Dentro dos estudos de inteligência artificial, Romano comenta acerca de um núcleo específico que será voltado para estudos das relações sociais em relação às pesquisas. Segundo Romano, as pesquisas estão ligadas à ética no uso de diversas tecnologias e regulamentação de mídias sociais, além de prospectar as relações envolvendo pesquisadores de ciências humanas e sociais. "No fundo, tudo isso está também ligado à ciência de dados, ao big data, para os quais a inteligência artificial é uma ferramenta fundamental", explica Romano. 

O pró-reitor complementa que a transformação digital proporcionada pelo CPA poderá aprofundar ainda mais o contato com os algoritmos da inteligência artificial para alunos da graduação e até mesmo ensino médio. Após dez anos de projeto, Romano comemora o resultado e a implantação do BIOS. "É uma alegria muito grande ter esse time, uma equipe muito unida, para a realização de um trabalho em áreas importantes como saúde e agro e que pode trazer uma contribuição social muito importante", acrescenta. "Além disso, o projeto poderá contribuir também para essa discussão de cunho ético e sociológico, porque a inteligência artificial pode também ser muito mal usada. E, do ponto de vista científico, ainda há muitos problemas em aberto", argumenta o professor 

fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/unidade-de-inteligencia-artificial-entra-em-operac-o-1.1316272