25/02/13 16h16

Unicamp vai produzir remédios sem patente

Correio Popular

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai abrigar um laboratório para a produção, sem patentes, de medicamentos com foco no combate a doenças que ainda não têm cura, como certos tipos de câncer e doenças degenerativas. O novo centro de pesquisa, de US$ 10 milhões, será construído em parceria com a Structural Genomics Consortium (SGC) e será inaugurado em três anos. Enquanto isso, a unidade campineira da instituição funcionará no laboratório do Instituto de Biologia da universidade, com pesquisadores locais e da SGC. A ideia é que o centro fique aberto a toda a comunidade científica do País.

A instituição filantrópica internacional mantém outras duas unidades, em Oxford, no Reino Unido, e em Toronto, no Canadá, que configuram a maior parceria público-privada do mundo, com investimentos que ultrapassam US$ 64 milhões. Os patrocínios vêm de oito grandes indústrias farmacêuticas e de instituições sem fins lucrativos. A principal característica da SGC é a pesquisa de inovação aberta, método em que empresas trocam conhecimento com colaboradores externos para acelerar o processo de invenções. O mesmo sistema será implementado em Campinas, com indústrias locais. Em contrapartida, as empresas devem disponibilizar pesquisadores qualificados, além de desenvolver produtos a partir das descobertas feitas no laboratório e inseri-las de forma competitiva no mercado.

“A Unicamp é uma grande simpatizante do modelo de inovação aberta, já faz isso em vários departamentos. O Brasil agora fará parte de uma rede de produção de conhecimento sem fronteiras que vai beneficiar milhares de pessoas”, disse Wenhwa Lee, gestor de alianças estratégicas da SGC. A universidade irá selecionar estudantes para passar por treinamento de um ano em Oxford. O pesquisador da SGC Opher Gileadi ficará em Campinas por dois anos para implementar o laboratório. Hoje, seis pesquisadores da Unicamp estão envolvidos no projeto e a SGC também caça talentos de outros estados.

De acordo com Lee, o que trava a pesquisa de novos remédios pelas indústrias são as patentes: elas são responsáveis pelo longo tempo de espera para a disponibilização de alguns medicamentos. O gestor afirmou que algumas empresas registram a fórmula das drogas de forma prematura, o que impede o aperfeiçoamento do composto por outros colaboradores e acaba prejudicando a população.