20/05/13 15h19

Unicamp produz etanol a partir do bagaço da laranja

Folhapress

Pesquisadoras da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um novo processo para obter etanol a partir do bagaço da laranja.

Apesar dos bons resultados técnicos conseguidos pelo estudo, o processo ainda tem um custo elevado de produção em relação ao do etanol feito a partir da cana-de-açúcar.

Utilizando um micro-organismo que pode causar a doença do cancro na fruta, elas conseguiram aumentar e acelerar a produção do combustível.

Com uma tonelada do bagaço da laranja seco (o in natura tem três quartos de água), foi possível produzir 80,8 litros de etanol. A mesma quantidade de cana produz 85 litros.

Atualmente, a fabricação de etanol a partir da laranja só é feita com os açúcares que sobram depois de retirar o suco. A quantidade, porém, é mínima, de 2,3 litros.

Já o bagaço da laranja é destinado comercialmente pela indústria do suco apenas para a produção de ração para complemento da alimentação de bovinos.

"Nós usamos enzimas comerciais e o micro-organismo Xac [Xanthomonas axonopodis pathovar citri] e conseguimos mais eficiência do processo que vinha sendo feito antes", disse a professora Ljubica Tasic, do Instituto de Química da Unicamp.

De acordo com ela, o avanço da pesquisa é importante porque o Brasil é um dos maiores produtores de laranja do mundo e o bagaço da fruta é 50% do total. "A outra metade é o suco", disse.

Em 2011, cerca de 19 milhões de toneladas de laranjas foram produzidas no país, das quais 15 milhões apenas no Estado de São Paulo.

"Considerando que os resíduos de laranja chegaram a 9,5 milhões de toneladas, conclui-se que esses resíduos secos poderiam ter gerado 1,14 milhão de toneladas de etanol", afirmou Ljubica.

Apesar disso, o sistema de produção é 50% mais caro que o de etanol. "O desafio a partir de agora é aperfeiçoar a técnica de forma a reduzir os custos", disse.

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) analisa o desenvolvimento do processo em planta piloto para a produção em escala industrial. A professora disse acreditar que em dois anos poderá viabilizar a fabricação de etanol.

Já a direção da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) informou que toda pesquisa que possa contribuir com o setor é bem-vinda, mas disse que desconhece a produção comercial de etanol a partir do bagaço da laranja.

Uma das maiores produtoras de suco de laranja do mundo, a Cutrale, por meio de sua assessoria, afirmou que não produz etanol a partir da fruta, mas que toda alternativa de desenvolvimento de pesquisa para geração de energia limpa é positiva.

A Citrosuco e a Louis Dreyfus não se manifestaram sobre o assunto.