Unesp sediará centros em tecnologia assistiva e habitação social
FC e ICTS foram contemplados pela Fapesp para os Centros de Ciência para o Desenvolvimento
UnespA Unesp vai ser a sede de dois novos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs) financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com duração de cinco anos, o programa da Fapesp busca no conhecimento científico as soluções para questões sociais notórias, em parceria com órgãos de governo.
As propostas lideradas pela Unesp são para a formação de um Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva, com sede na Faculdade de Ciências (FC) do câmpus de Bauru, e para a formação de um centro focado em habitações de interesse social, com sede no Instituto de Ciência e Tecnologia (ICTS) do câmpus de Sorocaba.
No total, a Fapesp anunciou a constituição de 21 novos Centros de Ciência para o Desenvolvimento em parceria com universidades, instituições de pesquisas, secretarias de Estado e outros órgãos de governos. O investimento global será de cerca de R$ 130 milhões.
"Tínhamos muitos grupos trabalhando com tecnologia assistiva isoladamente no estado de São Paulo e este centro vai permitir mais conversa entre nós, um trabalho mais forte e uma maior penetração, em termos de pesquisa, tanto no Brasil quanto no exterior. O centro surgiu justamente da ideia de conectar pessoas que trabalham nessa área", afirma o professor Carlos Roberto Grandini, pesquisador responsável do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistida (CMDTA) e docente da FC-Unesp.
A proposta inicial do centro reuniu pesquisadores de nove câmpus diferentes da Unesp (Bauru, Rio Claro, Presidente Prudente, Ourinhos, Marília, Botucatu, Ilha Solteira, Sorocaba e Araraquara), além de docentes da USP, UFABC e da UFSCar, e foi estruturada com base em quatro linhas de pesquisa principais: novas tecnologias e materiais para tecnologias assistivas; novas tecnologias e materiais para dispositivos médicos, órteses e próteses; inteligência artificial e comunicação alternativa; e materiais pedagógicos digitais.
O centro vai trabalhar em parceria com a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo e a Secretaria Municipal de Educação de Rio Claro, entre outras instituições e organizações parceiras. Segundo a proposta, a população com deficiência no estado de São Paulo é de 3,3 milhões de pessoas.
Habitação de interesse social
O outro Centro de Ciência para o Desenvolvimento com sede na Unesp recém-constituído tem como foco as habitações de interesse social do estado de São Paulo. O centro terá como pesquisador responsável o professor José Arnaldo Frutuoso Roveda, do Instituto de Ciência e Tecnologia do câmpus de Sorocaba (ICTS), e atuará em parceria com a Agência Metropolitana de Sorocaba, a Agência Metropolitana de Campinas e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação de São Paulo. "A ideia do centro é criar uma plataforma para subsidiar a secretaria (estadual) com dados e informações para facilitar tomadas de decisão do poder público", resume o docente do ICTS-Unesp.
O embrião do centro, explica Roveda, foi uma tese de doutorado que orientou no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Unesp, na qual é usada uma modelagem matemática, por meio de sistema fuzzy, para a construção de um índice de similaridade socioambiental entre municípios, voltado a gestores públicos. Parte dos integrantes desta banca de doutorado se reuniu para apresentar a proposta deste centro à Fapesp.
"Nossa proposta é atuar com uma metodologia que pode ser usada nas regiões metropolitanas do estado de São Paulo, que agrupa municípios mais semelhantes", diz José Arnaldo Frutuoso Roveda.
Por essa lógica, os critérios para a formação de consórcios intermunicipais para o enfrentamento de problemas comuns, caso das moradias sociais, podem ser aprofundados. O centro liderado pelo ICTS-Unesp envolve inicialmente cerca de 20 professores e tem participação de pesquisadores da Unicamp, Fatec Sorocaba e Universidade de Sorocaba (Uniso), entre outras instituições e organizações parceiras. "Aplicar o conhecimento acadêmico para, em última instância, conseguir moradia para uma pessoa que não tem casa é cumprir a função social da universidade pública", diz o docente.