Ultra planeja investir até R$ 1,42 bi no ano que vem
Valor EconômicoO Grupo Ultra, que atua nas áreas de distribuição de combustíveis (Ipiranga e Ultragaz), especialidades químicas (Oxiteno), armazenagem de granéis líquidos (Ultracargo) e varejo farmacêutico (Extrafarma), planeja investir até R$ 1,42 bilhão em 2015, valor que é "parecido e consistente" com os montantes aplicados nos últimos anos, segundo seu presidente, Thilo Mannhardt. Para 2014, a previsão é de desembolso de R$ 1,48 bilhão sem levar em conta aquisições - até o fim do terceiro trimestre, considerando-se o dispêndio para compra da Extrafarma, os investimentos somavam R$ 1,508 bilhão.
Em entrevista ao Valor, o executivo destacou que a manutenção do nível de investimento reforça a confiança no potencial de evolução dos negócios e no Brasil, uma vez que a maior parte dos recursos será aplicada no país. "Todos os [cinco] negócios receberão investimentos. A grande novidade desse plano é o crescimento acelerado da Extrafarma", acrescentou. (Veja texto abaixo)
Conforme Mannhardt, os negócios que formam o grupo têm como característica comum a resiliência. "Na Ipiranga, o consumo de gasolina e etanol depende do crescimento da frota. Houve perda de ritmo em 2014, mas ainda assim a expansão foi saudável e 2 milhões de carros foram adicionados", exemplificou. Para 2015, acrescentou, é muito provável que a tendência dos resultados do terceiro trimestre possa se repetir.
A totalidade dos recursos que serão investidos em 2015 será proveniente do caixa da Ultrapar, cujo conselho de administração aprovou, anteontem, a emissão de R$ 500 milhões em debêntures da Ipiranga e um programa de recompra de até 6,5 milhões de ações.
A maior parte dos aportes, ou R$ 922 milhões, será direcionada para a rede Ipiranga. Segunda maior distribuidora de combustíveis do Brasil, com participação de mercado de 22%, a Ipiranga conta com mais de 6,8 mil postos de gasolina e vai ampliar presença na região conhecida como "Conen", que reúne Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Conforme Mannhardt, o foco nesses mercados deve-se ao maior ritmo de crescimento em comparação ao Sul e Sudeste e à relativamente baixa participação (market share), ainda em 14% - cerca de 10 pontos percentuais abaixo da fatia abocanhada no Sudeste.
Desse total, R$ 357 milhões serão destinados à manutenção do ritmo de expansão da rede, por meio da abertura de novas lojas, embandeiramento de postos de terceiros e franquias am/pm e Jet Oil, com foco nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, além de novos centros de distribuição para atender às lojas de conveniência. Outros R$ 75 milhões serão direcionados à ampliação de infraestrutura logística, sobretudo em bases operacionais, e R$ 142 milhões serão destinados à modernização de bases existentes e sistemas de informação.
Além disso, do montante referente à Ipiranga, R$ 348 milhões serão aplicados na manutenção da atividade, que envolve a renovação de contratos com revendedores e reforma de postos. Assim como nas demais áreas, o Ultra segue atento a oportunidades de aquisição, porém neste momento o foco está no crescimento orgânico, ressaltou o presidente do grupo.
Na Oxiteno, maior produtora de especialidades químicas derivadas de óxido de eteno na América Latina, os investimentos em 2015 poderão chegar a R$ 121 milhões, aplicados tanto no exterior quanto no Brasil. Mannhardt lembrou que a empresa, que reduziu a exposição ao mercado de commodities (os glicóis) e hoje dedica mais de 80% de seu portfólio às especialidades químicas, ainda se beneficia do aumento de capacidade resultante de investimentos de R$ 2 bilhões, executados entre 2007 e 2011. "A Oxiteno ainda está ocupando essa capacidade. O próximo passo, no primeiro semestre, será o término da expansão da operação em Coatzacoalcos, no México".
Na área de distribuição de gás natural e GLP, a Ultragaz receberá R$ 187 milhões, concentrados principalmente no UltraSystem
(granel de pequeno porte), construção, ampliação e manutenção de bases de engarrafamento e reposição e aquisição de vasilhames. Já a Ultracargo, maior empresa brasileira na área de armazenagem para granéis líquidos, os investimentos ficarão em R$ 49 milhões, com plano potencial de expansão do terminal de Itaqui (MA), que deve entrar em operação em 2016. "Já estamos presentes em todos os portos brasileiros, o que permite essa liderança. Agora, temos novos projetos, especialmente em Itaqui", comentou.