22/07/08 10h51

Ubisoft vai criar jogos de videogame no país

Valor Econômico - 22/07/2008

Sentado à mesa de um restaurante, Bertrand Chaverot desculpa-se várias vezes pelos seus erros de português, embora fale o idioma com fluência exemplar para um estrangeiro. Nas próximas semanas, o executivo - um francês de Lyon que viveu boa parte da vida em Paris - vai precisar muito de suas habilidades lingüísticas. A Ubisoft, terceira maior fabricante mundial de jogos para videogame, vai abrir um estúdio de criação no Brasil. Será o primeiro de uma multinacional no país. Caberá a Chaverot, que dirigirá os negócios, selecionar os primeiros profissionais. A empresa ainda não abriu formalmente o processo de seleção, mas a fila já é surpreendente. "Depois que saiu uma nota na internet, esperávamos receber entre 200 e 300 currículos", conta o executivo. "Chegaram 2,5 mil." A Ubisoft pretende iniciar o estúdio com 20 profissionais, chegando a 50 no prazo de um ano. A expectativa é multiplicar a equipe por dez no prazo de três anos, chegando a 200 pessoas. "Depois, não há limite", afirma Chaverot. É uma projeção ambiciosa, considerando que em todo o mercado brasileiro, hoje, há cerca de 500 profissionais ocupados em criar software para jogos. E isso em mais de 40 empresas. Para permanecer vivas e vencer a disputa, as companhias mais poderosas do setor começaram a engolir as menores. A Blizzard, do grupo Vivendi, adquiriu a Activision por US$ 9,8 bilhões, em um acordo finalizado no início do mês, enquanto a Electronic Arts tenta, desde março, assumir o controle da Take-Two, com uma oferta de US$ 2 bilhões. A consolidação chega até a outros segmentos. A Ubisoft adquiriu a Hybride Technology, responsável pelos efeitos especiais de filmes como "300" e "Sin City". De todas as grandes empresas de games, a Ubisoft - que negocia ações na Bolsa de Paris e encerrou o ano passado com receita global de US$ 1,5 bilhão - é a mais pulverizada na área de criação. O estúdio brasileiro, que ficará em São Paulo, é o 20º da companhia no mundo. Há grupos de criação espalhados por lugares que vão de Xangai, na China, até Casablanca, no Marrocos. Ao todo, 3,3 mil pessoas criam jogos para a Ubisoft no mundo. A Ubisoft quer aproveitar o que considera vantagens do mercado brasileiro antes que algum concorrente o faça. É o caso da oferta de profissionais e do número de universidades. Mas há outro ponto. "No Brasil, a cultura é globalizada, com influências de vários países", diz Chaverot. O valor do investimento não é revelado, mas os gastos de criação concentram-se em pessoal, diz Chaverot.