19/11/09 12h18

Transportadoras renovam frota

Valor Econômico

O setor de transporte rodoviário foi dos que mais sofreu com a crise no começo deste ano. Em alguns ramos, como o de comércio exterior, a retração foi de 40%, mas a queda chegou a 10% na movimentação destinada ao varejo, considerado o mais resistente à crise. Isso acontece porque a expansão - ou retração - do transporte é sempre um múltiplo do crescimento do PIB: para a fabricação e a venda de uma unidade de produto são necessárias várias viagens. No setor rodoviário há quem calcule a relação em três para um.

Com a reversão do quadro de estagnação econômica, o setor está agora mais do que proporcionalmente otimista com o futuro. O volume de carga vem aumentando desde setembro, aparecem novos contratos e o setor já prevê um ano excepcional a partir de dezembro. Em grandes transportadoras, planos de investimento estão sendo tirados da gaveta para renovar a frota e preparar-se para um ano de muito movimento. De quebra, ainda aproveitam enquanto duram as políticas anticíclicas: desde julho estão em vigor linhas de crédito subsidiadas do BNDES para a aquisição de caminhões e para os chamados implementos rodoviários - as carretas.

Na transportadora Expresso Mirassol, voltada a produtos industriais, como automotivos, linha branca e contêineres, os planos de investimento são de R$ 20 milhões (US$ 11,6 milhões), dos quais R$ 18 milhões (US$ 10,5 milhões) irão para a aquisição de 100 carretas e de 40 cavalos mecânicos. Os outros R$ 2 milhões (US$ 1,16 milhão) vão para equipamentos auxiliares - comunicação e softwares de gestão. Segundo o diretor administrativo da empresa, Celso Rodrigues Salgueiro Filho, a segunda metade deste trimestre já apresentou uma recuperação clara na movimentação de carga na Mirassol, e a tendência é uma melhora até o fim do ano, e um 2010 de vendas fortes. Só com os contratos que já tem, a empresa estima um crescimento de até 35% na movimentação de carga em 2010 em comparação com este ano.

Na Atlas Transportes, também especializada em produtos de alto valor agregado - farmacêutica, autopeças e eletrônicos - a perspectiva também é de melhora nas vendas no ano que vem, e com as condições favoráveis de crédito, a ideia é adiantar os planos de renovação de frota. A empresa tinha planos de trocar apenas no ano que vem parte da sua frota de caminhões próprios, cerca de 500 caminhões de pequeno porte usados para distribuição. A empresa tenta aprovar um plano de investimento de R$ 3,2 milhões (US$ 1,86 milhão) para renovar a frota própria ainda em 2009 para e aproveitar as condições do Finame e a isenção de IPI. A frota de maior porte, de 800 veículos, é composta na maior parte por autônomos, e já tinha passado por uma renovação em 2008 - um investimento de R$ 10 milhões (US$ 5,8 milhões) para a aquisição de 140 carretas.

Além do esforço das grandes empresas, renovação da frota de caminhões também acontece entre autônomos e micro empresas, maiores fornecedores do setor. O governo cortou por mais da metade a taxa de juros do procaminhoneiro, linha voltada a esse tipo de cliente, e a movimentação também é recorde. O volume aprovado multiplicou-se por dez e deve fechar outubro próximo a R$ 200 milhões (US$ 116,3 milhões).