21/09/09 10h06

TPI planeja tirar do papel terminal de cargas em Santos

Valor Econômico

Deu trabalho, mas em 2005 o presidente da Triunfo Participações conseguiu convencer o dono de uma das últimas áreas livres às margens do estuário de Santos a vender o terreno. O imóvel, do comerciante português Joaquim Brites, era disputado há tempos por investidores e construtoras, mas caiu nas mãos da Triunfo graças a um pouco de jogo de cintura: além de dinheiro, o comerciante ganhou uma participação no empreendimento. Ganhou ainda o nome: o terminal chamará Brasil Intermodal - Terminal Santos - abreviado justamente "Brites".

A ideia da Triunfo Participações e Investimentos (TPI) é construir um terminal privativo de uso misto de grandes dimensões, para movimentar no total 15,25 milhões de toneladas ao ano: 2 milhões em granéis líquidos, 4 milhões em granéis vegetais e 9,25 milhões de toneladas em contêineres. Ou seja, quase 20% da capacidade de todo o porto de Santos. O terreno é avaliado em R$ 70 milhões (US$ 38,9 milhões), e a construção do terminal deve consumir mais R$ 1 bilhão (US$ 555,6 milhões) em investimentos, pelos cálculos da Triunfo. Saindo o licenciamento ambiental, algo previsto para o segundo semestre de 2010, a empresa deve começar a ir atrás de sócios e levantar o capital para o negócio.

O maior problema para a TPI é a mudança radical das regras do setor no meio do caminho: a Secretaria Especial dos Portos vetou a abertura de terminais privados para transporte de carga de terceiros. Com a edição do Decreto nº 6.620, em outubro de 2008, agora qualquer interessado em entrar no mercado vai precisar se submeter a licitação, como ocorre nos terminais públicos. Carlo Bottarelli, presidente da TPI, não se intimidou com a mudança: para ele, é possível uma interpretação alternativa da legislação atual de modo a preservar o projeto. Mudanças na composição acionária do negócio e no perfil da carga transportada, afirma, devem garantir a legalidade do negócio, mantendo o terreno e o projeto nas mãos da TPI.