09/04/25 15h46

Toyota reforça aposta no etanol como caminho para a descarbonização

Diretor Roberto Braun disse no Seminário Megatendências que soluções são regionais, dependendo da matriz energética e do consumidor

AutoData

Com as obras da expansão da unidade produtiva de Sorocaba, SP, a todo o vapor, a Toyota reforçou, durante o Congresso AutoData Megatendências 2025, sua confiança no etanol como a trilha para alcançar suas metas de descarbonização. Roberto Braun, seu diretor de comunicação corporativa e ESG, disse que a aposta da companhia é de soluções diferentes para cada local, a depender de sua matriz energética e das necessidades dos consumidores.

O Brasil, com ampla produção de biocombustíveis e uma longa história no uso de etanol, é apresentado como um exemplo positivo, pois evita a concorrência da produção de alimentos com a de biocombustíveis. 

“Um exemplo muito claro: um Corolla com motor híbrido flex abastecido com etanol emite cerca de 70% menos CO2 do que um veículo com motor convencional abastecido com gasolina.”

A solução brasileira gera interesse crescente por biocombustíveis em outros países, como a Índia e o Japão, que buscam seguir o modelo brasileiro, segundo informou Braun. 

Expansão em Sorocaba e exportações

Com relação à operação no Brasil o diretor garantiu que o SUV compacto, com tecnologia híbrida flex, será lançado este ano – ele era aguardado para o final de 2024. A produção em Sorocaba é estratégica para os negócios da Toyota, que em 2024 exportou 34% de seu volume para 23 países.

“Temos planos de manter os embarques nessa faixa, de 34% a 40%, diante de um setor que exporta em média 15% de sua produção.”

Híbridos flex são enviados comercialmente apenas para o Paraguai, país que já detém uma boa infraestrutura de abastecimento de etanol. Mas a Toyota também enviou protótipos para testes para Indonésia, Índia e Colômbia. 

Na Índia, especialmente, Braun percebeu o setor automotivo e o governo muito interessados na tecnologia do etanol. Eles também estiveram no Brasil em missões para entender como funciona o ecossistema do etanol brasileiro. Foram à usina de etanol, visitaram uma distribuidora e entenderam ser uma solução viável.

“O Brasil tem uma indústria, tecnologia que utiliza o etanol e a gasolina em qualquer proporção no tanque de combustível. E também uma série de políticas públicas que foram adotadas para promover produção, venda de etanol e venda de veículos flex. Então não basta a Índia produzir etanol e introduzir os carros flex: eles têm que entender todo esse arcabouço regulatório que o Brasil tem, e que isso realmente foi determinante para a gente chegar onde está hoje.”

Braun cita ainda a Colômbia como grande produtor de cana-de-açúcar. Se uma parte dessa produção for utilizada para o etanol, ele enxerga um grande potencial para virar essa chave, passar a ter etanol distribuído pelos postos de combustível e a comercializar por lá o carro flex e o carro híbrido flex.

“Nessa condição, o Brasil já exporta para a Colômbia, então passaria a exportar o veículo flex e o híbrido flex produzido aqui no Brasil. Da mesma forma, a Bolívia, que tem produção de cana, e a Argentina, que tem produção de etanol, com cerca de 50% do etanol vindos da cana e 50% do milho. Por lá, há uma mistura de 12% de etanol, que poderia aumentar.”

 

Fonte: https://www.autodata.com.br/noticias/2025/04/09/toyota-reforca-aposta-no-etanol-como-caminho-para-a-descarbonizacao/86568/