26/03/08 11h12

Toyota quer nova fábrica e carros mais baratos para crescer

Valor Econômico - 26/03/2008

A elevada dependência da matriz na tomada de decisões atrasou os planos de crescimento da Toyota no Brasil. Sem carros na faixa de preços abaixo dos R$ 60 mil (US$ 34,1 mil), a montadora, que tem 2,8% das vendas de veículos no país, desistiu da idéia de conseguir ser dona de 10% desse mercado até 2010, uma projeção referendada pelos representantes da companhia ao longo da última década. Mais do que a maior parte das montadoras que atuam no Brasil, qualquer tomada de decisão nessa empresa depende do aval da matriz, no Japão. Isso vale para os padrões de qualidade dos veículos que produz, concepção de novos projetos e até a escolha da localização de uma nova fábrica. Agora está a cargo de uma equipe do Japão, que é responsável por todas as novas linhas de produção da companhia em qualquer parte do mundo, a tarefa de escolher um estado brasileiro para erguer uma nova fábrica. São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão nessa disputa, que não tem data para ser ser definida, embora a equipe brasileira torça para que saia ainda este ano. A produção de um carro na faixa de preços abaixo da linha Corolla - feito em Indaiatuba (SP) e que custa entre R$ 62 mil (US$ 35,2 mil) e R$ 87 mil (US$ 49,4 mil) - depende da nova fábrica. Por isso, a operação brasileira da Toyota empacou na disputa com outras montadoras por fatias de mercado generosas em uma região de economias emergentes importantes, como o Mercosul. Shozo Hasebe, presidente da Toyota no Mercosul, disse ontem, durante a apresentação da nova geração do Corolla, que nas conversas com a matriz sobre crescimento de participação da marca em regiões como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), "a expectativa em relação ao Brasil é grande". Num investimento de US$ 268,3 milhões, a fábrica de Indaiatuba foi preparada para aumentar a produção anual do Corolla de 50 mil para 70 mil unidades. Alguns contratos de exportação, como Venezuela, estão sendo cancelados. Assim, além de passar à matriz a responsabilidade das negociações de exportação mais delicadas, como é o caso venezuelano, a filial brasileira conseguirá dar mais atenção ao crescente mercado interno.