Toyota melhora Etios para manter crescimento
Valor EconômicoÚnica montadora que tem conseguido ganhar volume num mercado que cai mais de 28%, a Toyota apresentou ontem o carro com câmbio automático mais acessível do país para manter-se em crescimento mesmo em meio à falta de sinais de reação na indústria automobilística.
Modelo que a inseriu no segmento mais popular do mercado, permitindo à Toyota se tornar neste ano a quinta marca do país, o Etios, a partir de quinta-feira da semana que vem, passará a ser vendido com opções de transmissão automática por preços que partem de R$ 47,5 mil. Sob o capô, o carro de entrada da marca tem agora a nova tecnologia dos motores 1.3 e 1.5 já produzidos na fábrica de Porto Feliz, vizinha das linhas de Sorocaba, no interior paulista, onde o modelo é produzido desde agosto de 2012.
A meta é vender 68 mil unidades neste ano, o que, se confirmada, significa abocanhar 8% do mercado de compactos, um salto em relação a uma participação que se limitava a 3% no primeiro ano completo de vendas do modelo.
Junto com o Corolla - embora mais caro, o carro da Toyota mais vendido no país -, o Etios deu fôlego para a montadora fechar o primeiro trimestre com crescimento de 0,9% quando os demais concorrentes ficaram no vermelho - exceção feita à Jeep, cuja produção, em Pernambuco, completou um ano. De janeiro a março, entre suas versões hatch e sedã, foram quase 15 mil unidades do compacto emplacadas no país, 12,4% a mais do que em igual período de 2015.
Ontem, a montadora japonesa chamou a imprensa a um resort em Mogi das Cruzes, município da Grande São Paulo, para apresentar a renovação do modelo num evento em que executivos da marca citaram esforços para absorver a instabilidade na economia e no câmbio, assim como comemoraram o que dizem ser o caminho a um crescimento sustentável. Lamentaram, contudo, que, a despeito do real mais fraco, o país segue sem competitividade nas exportações.
Em entrevista a um grupo de jornalistas após participar do lançamento, Steve St. Angelo, presidente da Toyota na América Latina e Caribe, disse que, embora gerencie 40 mercados na região, o Corolla produzido em Indaiatuba, também no interior de São Paulo, é exportado apenas à Argentina. O motivo, argumentou, é que continua sendo mais barato abastecer os demais países a partir da fábrica do Mississippi, nos Estados Unidos, onde o sedã é montado.
"Outros países querem nossos Etios e Corolla. Estudamos para onde mais podemos exportar. Mas a questão é que precisamos ser competitivos e o custo aqui ainda é alto", afirmou St. Angelo, que evitou fazer muitos comentários sobre a crise política.
Ainda assim, a Toyota prevê embarcar ao exterior 42 mil carros produzidos nas duas fábricas de veículos, 2,2 mil a mais do que em 2015. Só nos três primeiros meses de 2016, as exportações subiram 22%, num total de 10 mil veículos. Foram 3,7 mil veículos Corolla e 6,3 mil do Etios, este, além da Argentina, exportado para Paraguai e Uruguai.
É um volume que, somado às vendas internas, mantém a necessidade de jornadas extras de trabalho para que as duas fábricas produzam acima da capacidade combinada de 150 mil carros por ano. Em 2015, foram 166 mil unidades montadas pela Toyota no país.
Koji Kondo, presidente da montadora no país, mostrou otimismo sobre os resultados deste ano ao afirmar que muitos consumidores estavam esperando a chegada de versões do Etios com câmbio automático, de onde a montadora espera fazer 40% das vendas totais do modelo.
Ainda que sem mudanças no design, a empresa informou que mais de 600 componentes do veículo foram aperfeiçoados. O painel de instrumentos, antes analógico, agora é digital, modernizando uma parte do carro que, pelo visual antiquado, era foco de críticas. Novas tecnologias, contudo, encareceram em R$ 2 mil o preço da versão mais barata do compacto: a ser vendida, a partir da semana que vem, por R$ 44 mil, sem a transmissão automática.