05/11/12 14h56

Toyota é a empresa mais inovadora, aponta Booz & Company

Automotive Business

Levantamento anual da Booz & Company aponta que a Toyota foi a empresa mais inovadora de 2011, seguida pelas farmacêuticas Novartis e Roche. O ranking das 1000 organizações que mais inovam é formulado com base no investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D). “Obviamente, há uma certa distorçam porque o estudo acaba abrangendo apenas empresas muito grandes, com mais capacidade para fazer aportes elevados nessa área”, explica Valter Pieracciani, sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas.

A montadora japonesa se destacou no levantamento por ampliar em 16,5% o seu investimento em P&D entre 2010 e o ano passado, para US$ 9,9 bilhões. Com isso, a empresa saiu da sexta colocação para a liderança de um ano para outro. Entre as 20 primeiras posições aparecem ainda as automotivas General Motors, que se manteve no 9º lugar com aporte de US$ 8,1 bilhões, seguida pela Volkswagen (11ª), com investimento de US$ 7,7 bilhões, Honda (15ª), com US$ 6,6 bilhões, e Daimler (19ª), com US$ 5,8 bilhões.

Este foi o segundo ano consecutivo de crescimento dos investimentos em P&D. Houve evolução de 9,6% do total mundial na comparação com 2010, para US$ 603 bilhões.

Curiosamente, empresas que são percebidas como inovadoras pelo público, como a Apple, não garantiram espaço entre as 20 primeiras da lista. “Estas companhias fazem inovação no produto muito baseadas em seus fornecedores. A Toyota pode não passar essa impressão, mas é tremendamente inovadora, com avanços pequenos e constantes que resultam em produtos surpreendentes como o híbrido Prius”, analisa Pieracciani.

O consultor defende a inovação como uma métrica importante para empresas de qualquer porte. “O investimento de hoje se converte em novos produtos no futuro.” Ele aponta ainda que, apesar de a área de pesquisa e desenvolvimento ser o ponto essencial para que as empresas alcancem saltos tecnológicos, há outro tipo de inovação. Conhecida como inovação de significado, a mudança acontece mais baseada no design do produto.

Um exemplo na indústria automotiva é o novo Fiat Uno. Pieracciani acredita que mesmo sem uma quantia exorbitante aplicada em P&D, o carro trouxe novidade, criando uma relação diferente com o consumidor. “Parte disso veio das dicas deixadas pelos visitantes do site do conceito Mio. O modelo ganhou jovialidade”, explica.

O consultor garante que essa modalidade de inovação, mais associada à criatividade do que a investimento, é ponto forte dos profissionais e empresas brasileiras. Pieracciani aponta que as organizações globais já notaram essa característica nos engenheiros do País. Segundo ele, um fluxo de aportes em P&D foi direcionado ao País há cerca de 10 anos. “Essa verba voltou a ser destinada aos países maduros depois da crise financeira de 2008.” Agora, superada a fase mais crítica da turbulência internacional, o Brasil voltou a ser destino de novos projetos.

INOVAR-AUTO

Pieracciani reconhece que os porcentuais destinados a área de pesquisa pelas montadoras no mundo não se repetem no Brasil. Apesar disso, o consultor acredita que o cenário deverá mudar nos próximos anos como resultado do Inovar-Auto, novo regime automotivo que estará em vigor de 2013 a 2017.

“O governo já deixou clara a meta de aumentar para entre 1,5% e 2% a parcela do PIB que representa investimento em P&D e está trabalhando para isso”, acredita. A nova política industrial para o setor automotivo é parte dessa estratégia. O programa exige que as montadoras apliquem 0,5% do faturamento em pesquisa a partir de 2015. Apesar de parecer pequeno, o porcentual é desafiador. “Na maior parte das empresas do setor esse índice não passa de 0,15%”, revela.

Para ele, os próximos anos trarão uma corrida importante por inovação na indústria automotiva brasileira. O movimento pode fazer com que, no futuro, o setor alcance níveis mais competitivos de investimento em pesquisa, em torno de 1%. “Isso nos aproximaria um pouco de países com tradição nessa área, como Alemanha e Japão."