Tomadas em vez de bombas de gasolina
Postos para recarga de veículos elétricos se multiplicam no país impulsionados por investimento de empresas do setor de energia
Brasil EconômicoImpulsionada por investimentos de empresas do setor elétrico, a rede de postos para recarga de veículos movidos a eletricidade deve crescer quase 20% até 2017, chegando a pelomenos 153 unidades no país. A CPFL Energia acaba de inaugurar seus dois primeiros eletropostos públicos, ambos em Campinas (SP) e tem planos para chegar a 30. Além de entender o impacto desse tipo de serviço sobre a sua rede, a companhia estuda qual seria o modelo mais adequado para viabilizar a recarga de carros elétricos como uma linha de negócios.
Já os projetos-piloto desenvolvidos pela Itaipu Binacional não tem inspiração comercial: a geradora mantém 23 eletropostos em operação — nas cidades de Curitiba, Brasília e Foz do Iguaçu — para fins de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Outros cem funcionam em prédios e demais dependências no lado brasileiro e paraguaio da usina.
Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram licenciadas 1,8 mil unidades no Brasil de 2012 a 2015 — entre 100% elétricos e híbridos. O total ainda modesto contrasta com as projeções da CPFL de uma frota de carros elétricos entre cinco milhões e 13,3 milhões de unidades no Brasil em 2030. Nessas bases, o uso da tecnologia resultaria num aumento do consumo de energia entre 0,6% e 1,7% no Sistema Interligado Nacional (SIN). “Do ponto de vista da carga, esse é um impacto que o sistema está estruturado para suportar”, afirma o diretor de Estratégia e Inovação do Grupo CPFL, Rafael Lazzaretti.
A CPFL tem seis eletropostos em operação no momento. Além dos dois recém-inaugurados, outros dois já funcionavam dentro da companhia e dois foram instalados em parceiros privados (Natura e 3M). Dentro de dois meses, está prevista a entrada em operação de dois novos eletropostos, como resultado de uma parceria com a Rede Graal. O objetivo é criar um corredor de abastecimento elétrico entre Campinas e São Paulo. A tecnologia utilizada — a um custo de R$ 30 mil por ponto de carregamento,com capacidade para um carro — permite o reabastecimento de 80% da bateria do veículo em 30 minutos. “Na Europa, existe um forte incentivo dos governos à instalação de eletropostos e ao uso de carros elétricos para atingir as metas de redução na emissão de carbono”, diz Lazzaretti.
No Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estimula a realização pelas distribuidoras de energia de projetos de pesquisa e desenvolvimento focados na mobilidade elétrica. Mas não existe a obrigação de registrar junto ao órgão regulador as estações de recarga para veículos elétricos, o que dificulta a consolidação de dados em termos nacionais.“Temos o conhecimento da existência de estações/pontos de recarga de uso restrito, localizados nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Distrito Federal e Pernambuco”, informou a assessoria de imprensa da Aneel,por e-mail. Embora não exista regulamentação específica sobre a instalação de pontos de recarga, a agência informou que, conforme previsto em sua agenda regulatória, “a necessidade de regulamentação específica para o tema será objeto de avaliação da Aneel nos próximos 12 meses”.Como não há regulamentação, os dois eletropostos inaugurados pela CPFL ainda não podem cobrar pela energia consumida nas recargas.
No caso da Itaipu Binacional,como a empresa não está homologada para vender energia no mercado varejista, a instalação de eletropostos é parte de um esforço para desenvolver inovações tecnológicas, avaliar o impacto do abastecimento sobre a rede elétrica e reduzir emissões de CO2. “Novos eletropostos dependerão da necessidade de ampliar projetos e/ou do aumento do número de veículos elétricos na frota
de Itaipu”, explica Celso Novais, coordenador brasileiro do Programa Veículo Elétrico, acrescentando que a frota da companhia engloba cerca de cem veículos movidos a eletricidade. A Itaipu tem em operação 12 eletropostos em Curitiba, oito em Foz do Iguaçu e três em Brasília.
Um dos projetos pioneiros no segmento foi o da EDP, que instalou em 2012 um eletroposto em parceria com o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEEUSP). O projeto foi concluído em 2013, com o fechamento da unidade, e serviu para que a EDP pesquisasse melhor o negócio de mobilidade elétrica.
A empresa confirmou que faz parte do seu planejamento estratégico continuar as pesquisas e os estudos que viabilizem a inclusão de veículos elétricos em redes.