08/04/15 13h53

Tivit investe R$ 170 milhões em 2015

Empresa amplia aporte para consolidar atuação na América Latina e novos modelos de negócios no Brasil

Brasil Econômico

Em um contraponto ao cenário de cautela de boa parte das empresas, a Tivit planeja investir R$ 170 milhões em 2015, cifra 26% superior aos R$ 135 milhões aportados no crescimento orgânico da operação em 2014. Após superar a marca de R$ 2 bilhões em faturamento, a companhia brasileira de serviços de tecnologia da informação (TI) vai ampliar sua infraestrutura para acompanhar o crescimento projetado a partir da abertura de novos mercados internacionais e da consolidação de sua atuação em modelos mais recentes no Brasil.

“O desaquecimento do mercado tem pouco impacto para o nosso resultado no ano, pois nosso desempenho é muito baseado em contratos de longo prazo que fechamos nos últimos anos e na percepção de que em momentos de crise, as empresas tendem a procurar mais a terceirização de serviços”, diz André Frederico, diretor de estratégias da Tivit. “Nossa projeção é encerrar 2015 com um faturamento de R$ 2,5 bilhões”, afirma.

A América Latina — onde além do Brasil a empresa não tinha presença até pouco tempo — é uma das prioridades. A região passou a integrar os planos a partir da aquisição da chilena Synapsis, em outubro. Com o acordo de R$ 330 milhões, a Tivit passou a ter operações em seis novos países, incorporou 1,5 mil funcionários e expandiu sua estrutura de três data centers para nove centros de dados, sendo cinco deles fora do mercado brasileiro.

Segundo o executivo, a projeção é integrar 100% das operações até o fim do primeiro semestre. Nesse intervalo, a Tivit já está colocando em prática algumas ações para capturar as sinergias da aquisição. Um exemplo é a expansão de seu centro de serviços gerenciados de segurança, instalado em São Paulo, para atender toda a região. “Estamos levando serviços locais do nosso portfólio para esses países, o que inclui nossa experiência no segmento financeiro e em meios de pagamento, mercados nos quais a Synapsis não atuava. Temos pouca sobreposição. As operações são bastante complementares”, explica.

A Synapsis também traz benefícios para a operação brasileira. Numa primeira frente, a ideia é trazer para o país a experiência da empresa em segmentos como energia, especialmente em projetos de smart grid. Ao mesmo tempo, a aquisição complementou outra estratégia mais recente da Tivit: a expansão para outros centros fora do Sudeste. “A Synapsis tem uma presença forte no Nordeste, que é um dos focos dessa nossa abertura de novos mercados no Brasil, ao lado do Paraná e do Rio Grande do Sul. Essas regiões continuarão a ser prioridade na ampliação da nossa estrutura”.

A busca por outros mercados além do Sudeste, por sua vez, vai ao encontro de outro direcionamento recente da Tivit. Mais conhecida por sua atuação junto a grandes empresas, a companhia ampliou seu leque para atender projetos de menor porte, com contratos anuais que variam de R$ 100 mil a R$ 1 milhão. Nos últimos três anos, a Tivit conquistou 150 novos clientes dentro desse perfil.

Na avaliação de Frederico, o grande trunfo para essa abertura foi o investimento em ofertas no modelo de computação em nuvem, mais acessíveis a projetos de empresas de menor porte. Em 2014, as receitas ligadas a esse formato responderam por cerca de 10% do faturamento da Tivit. Na contramão de outras empresas do setor que vem sofrendo com o impacto da mudança para um modelo recorrente e muitas vezes sazonal de aquisição de tecnologia por parte dos clientes — próprio da nuvem —, o executivo diz que a Tivit não está enfrentando problemas com essa migração, já que grande parte dos contratos tem duração longa, em média, de três a quatro anos.

Ainda dentro da diversificação, a Tivit enxerga boas perspectivas a partir de outra aquisição feita em 2014: a compra do grupo Work Image, de gestão de documentos. O potencial do acordo está expresso em duas frentes. A primeira é a adição da guarda e gestão eletrônica de documentos aos serviços de data center. Em outro plano, a Tivit também passou a incorporar as soluções da Work Image à sua divisão de terceirização de processos como contas a pagar e análise de crédito. “Nesses projetos, muitos documentos passavam por nós e eram atendidos por outras empresas. Ainda não capturamos todo o potencial da Work Image, mas temos muito a explorar em vendas cruzadas”, diz o executivo, que não descarta novas aquisições, no Brasil e na América Latina.

O meganegócio também impressionou algumas fontes no Brasil. Mas fusões ou aquisições desse calibre já eram esperadas a partir da queda dos preços do petróleo. Foi o que ocorreu entre 1998 e 2002 nas compras da Amoco e Arco pela BP; da Texaco pela Chevron; da Mobil pela Exxon e na fusão das francesas Total, Petrofina e Elf. "A Shell inaugura uma onda de fusões que já era esperada. A BG tem reservas importantes mas precisa de muito dinheiro, e a Shell precisava de reservas", diz fonte.