19/11/10 15h39

Terminais planejam atingir capacidade de 1 bilhão de toneladas

Valor Econômico

O crescimento de volume nos portos e a perspectiva de que a curva de movimentação de cargas continue ascendente a médio prazo puseram em marcha uma série de investimentos da iniciativa privada na ampliação de terminais. Segundo a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), em quatro anos o Brasil chegará a quase 1 bilhão de toneladas, ante aproximadas 760 milhões deste ano. Os aportes recaem sobre todo tipo de instalação - desde as que movimentam commodities (carga de menor valor agregado) até as que operam contêineres, onde tradicionalmente são acondicionadas as mercadorias mais nobres. A Companhia Siderúrgica Nacional está apostando R$ 410 milhões (US$ 241,2 milhões) na expansão dos seus dois terminais arrendados no porto de Itaguaí (RJ) - o Tecar, dedicado à movimentação de granel sólido, e o Sepetiba Tecon, que manuseia contêiner. A demanda é tamanha que a Companhia Docas do Rio de Janeiro está com um pedido na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para implantação de um novo terminal no porto fluminense - além da CSN, a Vale conta com um empreendimento no complexo. A nova instalação deverá ter capacidade para 25 milhões de toneladas.

A ampliação portuária está na agenda do dia. O porto de Vitória (ES), por exemplo, tem dois terminais arrendados, um para contêineres e outro para fertilizantes e carga geral. Por ano, são menos de 10 milhões de toneladas. Ocorre que o complexo está encravado na cidade e tem sérias limitações que dificultam a operação de navios de grande porte. A alternativa será a construção de um novo porto do zero, o chamado Superporto de águas profundas, que ficará na região de Praia Mole. A perspectiva é que em 2012 seja possível licitar a obra.

Responsável por quase um quarto da balança comercial passando por seu canal de navegação, Santos opera no limite e aposta num ambicioso plano de duplicação da área para atender um volume projetado de 230 milhões de toneladas em 2024 - aumento de 140% sobre as 95,5 milhões de toneladas estimadas para 2010. Para dar conta do recado atual, estão em curso investimentos que perfazem R$ 3,18 bilhões (US$ 1,9 bilhão) em ampliações e novos terminais. Dois deles terão dimensões semelhantes ao Tecon Santos - Embraport e BTP, cujos investimentos representam R$ 1,2 bilhão (US$ 705,9 milhões) e R$ 1,6 bilhão (US$ 941,2 milhões), respectivamente, segundo a autoridade portuária.

Apesar de defender a tese do ganho de escala, que privilegia grandes instalações para baratear os custos de operação, o presidente do porto de Santos, José Roberto Serra, alerta para a necessidade da existência de empreendimentos médios. "Não é certo pensar que Santos só vai receber megaembarcações. Nós vamos continuar com navios de porte médio, de 3ª e 4ª gerações. Os de 5ª e 6ª vão chegar para os grandes terminais. Mas quem atende os menores? E a cabotagem? São os terminais de porte médio", responde.

Tanto faz sentido, diz Serra, que o Tecondi está investindo cerca de R$ 185 milhões (US$ 108,8 milhões) na ampliação de sua capacidade para movimentar 700 mil Teus por ano. De toda maneira, a expansão da oferta para contêineres em Santos é premente. O porto já trabalha muito próximo do teto de 3 milhões de Teus que o conjunto de instalações pode operar anualmente: 2010 deve recuperar os patamares de 2008, quando foram escoados 2,8 milhões de Teus em Santos.