21/05/13 11h50

Tenaris se prepara para atender início do pré-sal

Valor Econômico

A intenção de se colocar como fornecedora estratégica para a exploração do pré-sal brasileiro levou a Tenaris - fabricante de tubos - a investir US$ 180 milhões na aquisição de duas prensas hidráulicas. As máquinas começam a operar comercialmente amanhã, no centro industrial da empresa em Pindamonhangaba (SP), e vão permitir a produção de produtos com tecnologia para enfrentar as condições encontradas em águas ultraprofundas, com maior conteúdo local.

A capacidade instalada da unidade em Pindamonhangaba, de 550 mil toneladas de tubos de aço por ano, não será alterada já que os novos equipamentos irão substituir os antigos. O grande diferencial das novas prensas é que elas têm força 80% superior às antigas e ainda trazem redução de 35% do consumo de energia. Com elas, a empresa poderá produzir, no país, produtos que antes precisavam ser importados. O processo produtivo que envolve essas prensas tem capacidade para produzir 400 mil toneladas de tubos por ano.

Renato Catallini, presidente da Tenaris no Brasil, afirmou que, além de pegar carona no crescimento da indústria brasileira, o investimento tem como objetivo aumentar as exportações a partir do Brasil, que hoje variam entre 10% e 15%. "A partir desse novo equipamento, achamos que vamos ter possibilidades de atuar em locais onde essas aplicações são muito demandadas como no Golfo do México, na África e no Mar do Norte."

O centro produtivo de tubos da Tenaris no país é o único, dentre os 31 existentes em 15 países, que tem equipamentos como esses. Catallini considera que é um diferencial importante na licitação do gasoduto Rota 3, da Petrobras, em andamento, que vai ligar a área de Franco, na cessão onerosa da Bacia de Santos, a Maricá, no Rio, para levar o insumos ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo o executivo, o duto vai precisar 160 mil toneladas de tubos.

Com receita de US$ 10,8 bilhões no mundo, sendo 10% oriunda do mercado brasileiro, a empresa estuda ampliar a produção no país no médio prazo. "Estamos continuamente avaliando investimentos em novas fábricas, em aumento de capacidade", declarou Catallini, ponderando que os planos estão em fase de estudo. Um crescimento mais expressivo da receita da empresa no país, segundo Catallini, será possível depois que as áreas do pré-sal começarem a gerar frutos. "Esse ano a receita vai se manter estável com tendência para crescer nos próximos anos com o desenvolvimento do pré-sal no Brasil", afirmou Catallini.

"Os grandes projetos não acontecem de forma permanente", disse. O primeiro leilão de blocos exploratórios de petróleo do pré-sal tem previsão para acontecer no fim do ano. Em seguida, as áreas ainda vão passar por atividades de exploração para que reservas sejam descobertas e colocadas em produção.

A empresa também está construindo um centro de pesquisa e desenvolvimento na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde grandes fornecedores do setor de petróleo, como Schlumberger, FMC, GE e Halliburton, também estão instalados. Com investimento de US$ 38 milhões, em um terreno de 4.013 m2, o centro tem inauguração prevista para o fim deste ano. A empresa tem outros centros como esse em quatro países: Argentina, México, Itália e Japão. Além do setor de petróleo e gás, o centro de pesquisas vai desenvolver estudos nos segmentos nuclear, mineração, automotivo e de tubos estruturais para o mercado de construção civil. No início serão 25 pesquisadores, devendo subir para 50 em dois anos.

A Tenaris está presente no país desde 1999, quando adquiriu a companhia Confab, fundada em 1943. Com uma estrutura já forte no país e contratos importantes assinados com a Petrobras, a empresa defende a adoção do conteúdo local. "O principal benefício da política é para o Brasil, para ajudar no desenvolvimento a partir da descoberta do pré-sal. O pré-sal apresenta para o Brasil uma grande oportunidade de industrialização", disse. Atualmente, a empresa importa menos de 20% do aço necessário da Áustria, EUA e Inglaterra, sendo o restante comprado da Usiminas.