12/02/16 14h27

Telefônica terá 'rede de olheiros' para descobrir startups

Valor Economico

Depois do Google e do Itaú, a Telefônica Vivo também vai investir em espaços para promoção de startups no Brasil. Mas o modelo será um pouco diferente. Em vez de um prédio inteiro concentrando os empreendedores - como acontece com o Campus, do Google, e o Cubo, do Itaú -, a operadora pretende se unir a espaços de trabalho compartilhados (os "coworkings", onde diferentes empresas dividem o mesmo local de trabalho) que já estão em funcionamento ao redor do Brasil.

A ideia é aproveitar estruturas estabelecidas e criar uma "rede de olheiros" que detectem iniciativas interessantes com potencial para receber investimento da Wayra, o braço da Telefônica Vivo que atua com startups. "Tem muita coisa acontecendo no Brasil e nós queremos explorar esse potencial", disse ao Valor, Renato Valente, que acaba de assumir o comando da Wayra no lugar de Carlos Pessoa Filho, que agora lidera o site de cursos Coursera na América Latina.

A Wayra é uma das cerca de 30 aceleradoras que surgiram no país nos últimos anos. Elas funcionam como incubadoras, criando um ambiente propício para o crescimento mais acelerado das iniciantes, com mentorias, cursos etc. O período de aceleração é de cerca de um ano. Segundo Valente, com a nova iniciativa, a Wayra facilita uma das etapas mais complicadas desse processo: a busca pelas empresas que serão aceleradas.

Batizado de "crowdworking", o modelo da Wayra foi adotado no fim de 2014 na Espanha. Hoje, são 22 espaços em operação. De todas as empresas que passaram pelos espaços nesse período, quatro receberam investimento da Wayra. No Brasil, a aceleradora faz aportes de R$ 200 mil por uma fatia de 7% a 10% nas startups. No momento, 14 empresas estão instaladas em um prédio da Telefônica na região central de São Paulo. Valente, o novo presidente da Wayra, já investiu na aceleradora. Ele era sócio da Ocapi, de publicidade digital, que acaba de ser vendida para a também brasileira Reamp.

De acordo com o executivo, já foram mapeados espaços parceiros para crowdworking no Paraná, em Minas Gerais e no interior de São Paulo. A ideia é que o modelo comece a ser testado ainda no 1º semestre. Não há um número mínimo ou máximo de acordos a serem fechados. Entre as áreas que Valente vê potencial para crescimento estão o agronegócio e startups de serviços financeiros, as fintechs. A Wayra oferecerá conteúdo e terá pessoas dedicadas ao relacionamento com os espaços.

Bastante movimentados nos EUA, os coworkings começaram a aparecer no Brasil em 2013. Em 2014, o Google anunciou que traria para o país sua iniciativa, o Campus. O espaço seria inaugurado dia 17, mas a companhia adiou a cerimônia por imprevistos na obra.

Ano passado, o Itaú se uniu ao fundo de investimento Redpoint eventures para montar o Cubo. "Estudos indicam que um ecossistema de startups floresce quando há um local físico de encontro entre as pessoas. Mesmo com um mundo muito digital, nada substitui a conversa olho no olho", disse Flávio Pripas, diretor do Cubo. Segundo ele, 47 das 50 vagas do espaço foram preenchidas em cinco meses de operação.