19/11/09 12h16

Takaoka, sem peso da dívida, quer crescer

Valor Econômico

Kentaro Takaoka, jovem médico anestesista, dedicou-se de corpo e alma à profissão que escolheu, de tal forma que acabou transformando-se num dos maiores fabricantes de equipamentos médicos para anestesia e terapia intensiva da América Latina. Conhecedor das agruras que ele e colegas enfrentavam no dia a dia dos hospitais, com equipamentos ineficientes, em 1951 Kentaro começou a desenvolver, no fundo da casa, aparelhos mais adequados à prática da anestesia. Seis anos depois nascia a K. Takaoka.

Com a concorrência de gigantes mundiais do porte de GE, Philips, Drager, Maquet e Viasys, alguns anos atrás a Takaoka quase foi à lona, com uma dívida de quase R$ 30 milhões (US$ 17,4 milhões), e viu sua participação de mercado encolher. O caminho encontrado foi um acordo direto com os credores - que obteve pleno êxito - e aprofundar a profissionalização da gestão. Arrumada a casa, a empresa traça planos para investir nas suas duas unidades industriais - em São Paulo e São Bernardo do Campo - e voltar a crescer.

O plano, explica Sammy Roger, diretor-geral da empresa, é voltar-se mais para o mercado, depois de um ano e meio focada na redução da dívida, hoje na casa de R$ 14 milhões (US$ 8,1 milhões) e com a volta de crédito em bancos. "A empresa sempre esteve mais preocupada com a área industrial", diz. Agora, vai focar na expansão, em desenvolvimento de aparelhos mais competitivos e buscar maior presença no mercado externo. A Takaoka é altamente dependente de vendas ao setor público - 60% do seu faturamento, cuja previsão é alcançar R$ 52 milhões (US$ 30,2 milhões) neste ano. Para 2010, a projeção é de R$ 60 milhões (US$ 34,9 milhões) e grande parte do crescimento neste e no próximo é atribuída à demanda gerada pela gripe suína. Segundo o executivo, isso ainda vai durar pelo menos mais dois anos.

A empresa assegura que detém 50% do mercado interno de aparelhos para anestesia - esse número já chegou a ser 65% - e em torno de 20% na área de terapia intensiva. Esse negócio, incluindo a venda de uma diversidade de equipamentos periféricos e prestação de serviços de manutenção, monta cerca de R$ 500 milhões (US$ 290,7 milhões) ao ano, informa o executivo. Para as empresas que atuam nesse ramo, de saúde, há o benefício de redução de 80% no pagamento de IPI (imposto sobre industrialização), bem como no ICMS (circulação de mercadorias e serviços), com 7% no Estado de São Paulo.

No mercado externo, o objetivo é entrar em mercados como o europeu, onde a concorrência de suíços e alemães é forte. A estratégia é começar por Portugal e Espanha. Outro alvo são países da África, como Angola, Uganda e Moçambique. Dispõe de aparelhos menos sofisticados e de melhor praticidade para uso local. A meta traçada é que as vendas externas representem 40% da receita no futuro. Com 250 funcionários nas duas unidades industriais, a Takaoka fabrica mil equipamentos na área de anestesia e mais de 2 mil unidades em terapia intensiva. Nesta última área, este ano está investindo R$ 2 milhões (US$ 1,16 milhão) para lançar dois novos aparelhos.