Suzano sai na frente e lança sua pegada de carbono
Valor Econômico 05/10/10
A Suzano Papel e Celulose será a primeira empresa do setor no mundo a divulgar em seus produtos a chamada "pegada de carbono" - o volume de CO2, o mais conhecido dos gases de efeito estufa, que foi liberado na produção, no uso e no cálculo de descarte do produto. Até o fim do ano, três tipos de papel e 100% da celulose voltada à exportação terão o selo inconfundível: a marca de um pezinho e a informação sobre quantos gramas/quilos de gases foram gerados por tonelada do produto. No ano que vem, outros itens serão acrescentados.A empresa segue, assim, uma tendência mundial recente da qual já fazem parte grandes nomes como Coca Cola, PepsiCo, Danone, Kimberly-Clark e Tesco, o maior varejista do Reino Unido. Sem revelar o investimento ou o incremento no custo de produção, Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano, diz que a decisão está no "DNA" de sustentabilidade da empresa. Somente em celulose, serão rotulados cerca de 1,1 milhão de toneladas. A verificação e certificação ficará a cargo da consultoria ICF International, sediada no Rio de Janeiro, e os selos são dados pela britânica Carbon Trust.
O primeiro passo foi dado em 2003, com a realização do primeiro inventário anual de emissões de gases da empresa. Através desse inventário, a Suzano pode quantificar sua poluição e criar metas e formas de reduzi-la ao longo dos anos seguintes. Entre 2000 e 2009, a Suzano conseguiu reduzir suas emissões de 0,472 tonelada de CO2/tonelada de produto para 0,267. O resultado foi possível com a substituição de diesel por gás em algumas caldeiras de suas fábricas e ao plantio maior de árvores.
Com a "pegada de carbono", a empresa de papel e celulose passa a olhar também para o impacto ambiental de toda a sua cadeia produtiva - dos cerca de 400 fornecedores de matéria-prima até a "porta do cliente" no Brasil e exterior. Nesse cálculo entram, por exemplo, operações nas fábricas e energia gasta até o transporte. De acordo com Maciel, a Suzano optou por não exigir de seus fornecedores um inventário próprio de suas emissões de gases. Em vez disso, a empresa adotou uma metodologia internacional (PAS2050) que serve de referência das emissões por segmento de indústria. "Não estamos exigindo, mas induzindo fornecedores a olhar para a sustentabilidade", diz Maciel.
O mercado externo, sobretudo o europeu, é o grande alvo do selo. É no velho continente que está a preocupação com o superaquecimento do planeta e seus impactos. Para o Carbon Trust, empresa criada em 2000 pelo governo britânico e que conta com orçamento público e gestão privada, tão importante quanto medir a poluição é criar meios de diminui-la. Daí o nome da certificação "Carbon Reduction Label". Segunda maior companhia de celulose de eucalipto do mundo, a Suzano tem atualmente 300 mil hectares de florestas plantadas e 100 mil hectares de florestas de terceiros. Além disso, a empresa informa ter 150 mil hectares de florestas nativas.