28/07/09 10h26

Suzano quer elevar fatia no Conpacel

Valor Econômico

A Suzano Papel e Celulose, uma das maiores fabricantes de papéis do país, admitiu pela primeira vez ter interesse em adquirir os ativos da sua sócia no Conpacel (antiga Ripasa) que pertencem à Votorantim Celulose e Papel. A compra poderá ter implicações para o mercado de papéis, especialmente de "cut size" (papel cortado), usado para imprimir e escrever. Com isso, o setor, que já teve quatro grandes produtores no país, ficaria cada vez mais restrito a dois players.

A americana International Paper (IP), dona da marca Chamex, possui 48,3% das vendas domésticas de "cut size", o que representou vendas de 214 mil toneladas neste ano até maio, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) obtidos pelo Valor. A Suzano, que comercializa seus papéis com a marca Report, ocupa a segunda posição com 29,7% das vendas no mesmo período, o que significou 113 mil toneladas. A fatia da VCP, proprietária da Copimax, corresponde a 9,7%, com vendas de 36,8 mil toneladas.

Caso haja o negócio, Suzano e IP, juntas, ficariam com mais de 80% das vendas domésticas. Estima-se um faturamento superior a R$ 700 milhões (US$ 363 milhões) por ano apenas no segmento de "cut size". A VCP, que não deu entrevista, emitiu nota dizendo que está "satisfeita com o Conpacel" e negou a existência de negociação em curso para venda da participação. "O movimento da VCP em concentrar seu negócio em celulose é sabido", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Alfred Plöger. "Quanto mais concentrado o mercado menor o poder de barganha das gráficas".

Nos últimos cinco anos, o mercado mudou. Até então, Suzano, VCP e Ripasa tinham, cada uma, pouco mais do que 20% do mercado, que era liderado pela americana IP, com cerca de 30%. A reviravolta deu início com a venda do controle da Ripasa. Desde o fim de 2004, o Conpacel, empresa que ficou com a maior fábrica da Ripasa, localizada em Limeira, no interior de São Paulo, tem seu controle compartilhado em partes iguais pela Suzano e VCP. Na época, a aquisição conjunta foi uma forma de evitar o crescimento de multinacionais neste mercado. A IP e a Stora Enso tinham interesse na Ripasa, mas perderam a disputa.

Depois disso, a empresa do grupo Votorantim se desfez de fábricas no segmento de papel para focar em celulose e fechou a compra da Aracruz. Com a operação de fusão, prevista para completar-se em agosto, a expectativa do mercado é que o grupo controlado pela família Ermírio de Moraes coloque os ativos restantes de produção de papéis à venda, de forma a focar em seu principal negócio e a reduzir o endividamento da nova empresa. O destino da fatia da VCP no Conpacel é a Suzano. "Ela já é sócia na fábrica e é natural que isso ocorra", diz Plöger, da Abigraf.