11/03/08 10h53

"Superjaneiro" pode acelerar PIB de 2008

Valor Econômico - 11/03/2008

O surpreendente resultado da produção industrial de janeiro e o aquecimento do varejo estão levando entidades de classe, bancos e consultorias a reverem para cima as projeções de crescimento da economia brasileira para 2008. Na avaliação da RC Consultores, do BNDES e da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a atividade econômica está mostrando que tem base para crescer acima dos 5,2% a 5,3% previstos para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2007, cujo dado oficial será divulgado pelo IBGE na quarta-feira. Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, desenha um primeiro semestre bastante aquecido. "Os primeiros indicadores de 2008, com a indústria crescendo 8,5% e o comércio acelerando a uma velocidade de 9%, mais o alto preço das commodities, estão indicando uma situação bastante confortável". Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), calcula que se o PIB de 2007 crescer mais de 5%, como está imaginando o governo, já carrega mais de 2% de crescimento para 2008. "Junto com a expansão da indústria nós estamos calculando que existe possibilidade do PIB de 2008 crescer mais para o patamar de 5%. Nosso teto era 4,5%". Freitas aposta no avanço do investimento e no vigor da indústria para continuar acelerando a economia nestes primeiros seis meses. Pressagia, porém, que o juro futuro, que voltou a subir na semana passada após o comunicado "audacioso" do Copom dizendo que "está monitorando atentamente a conjuntura", possa levar a alguma desaceleração no segundo semestre, com crédito e investimento mais caros. "Mas nada capaz de fazer o país menos de 4,5%".  Fernando Puga, assessor da presidência do BNDES, confirma a expectativa do banco de uma a taxa de expansão da economia de 5,5% este ano. "Já estamos largando na frente", disse. Ele explica que projeção do BNDES foi feita com base no mapeamento dos projetos de investimento no portfólio do banco, que funciona como indicador antecedente do nível de atividade. "Os setores mapeados respondem por 50% do investimento entendido como formação bruta de capital fixo (FBCF) na economia". As aprovações de projetos no banco, um estágio anterior ao desembolso, somaram R$ 98 bilhões (US$ 55,7 bilhões) em 2007, dos quais R$ 19 bilhões (US$ 10,8 bilhões) são de projetos de energia elétrica, e R$ 18 bilhões (US$ 10,2 bilhões) de transporte terrestre, incluindo rodovias e ferrovias. "Estamos seguros de que vamos liberar R$ 80 bilhões (US$ 45,5 bilhões) a R$ 85 bilhões (US$ 48,3 bilhões) ou mais para financiar, em grande parte, a construção de novas plantas industriais e obras de infra-estrutura". Puga informou que o BNDES trabalha com uma taxa de crescimento entre 6% a 7% para a indústria extrativa e de transformação este ano.